Rationale and Background In today’s era of rapid digital transformation, the free exchange of scientific information is essential for addressing global challenges such as climate change, public health crises, and the ethical governance of emerging technologies, including artificial intelligence (AI). Open Access (OA) ensures that research outputs are freely available to all, fostering transparency, innovation, and inclusive participation in global knowledge production. By removing barriers to knowledge, OA enables researchers, policymakers, and professionals worldwide to collaborate seamlessly and accelerate solutions to some of the world’s most pressing issues.
Building on the 2021 UNESCO Recommendation on Open Science, which emphasizes equitable access to scientific information for all regions and disciplines, UNESCO supports Member States in developing policies, infrastructures, and capacities to make knowledge openly and fairly available. Equitable access to knowledge also underpins the achievement of the Sustainable Development Goals (SDGs), with at least ten of the 17 goals relying on scientific input to inform policies and interventions. UNESCO actively supports publishing models that remove costs for authors and readers, including Diamond Open Access, promoting community-driven research that is freely accessible. Through participation in global digital cooperation initiatives, such as the United Nations Global Digital Compact, UNESCO further advocates for responsible governance of digital technologies and equitable access to scientific data, reinforcing the links between Open Access, Open Data, and global innovation.
To mark Open Access Week 2025, UNESCO will host this webinar to present its ongoing initiatives in the field of Open Access and to launch the consultation process for three new UNESCO documents on Open Access. The session will also feature the recently launched KISTI–UNESCO cooperative project (2025–2029), which aims to enhance global collaboration in Open Science through inclusive digital infrastructures, open data practices, and equitable access to research outputs. This event offers a platform to engage stakeholders, share experiences, and advance Open Access as a fundamental pillar of an inclusive knowledge society.
Speakers:
Guilherme Canela, Director, CI/DPT/UAI
Ezra Clarke, Chief of Section, SC/PBS/STIP
Tel Amiel, UNESCO Chair in Open Education and Technologies for the Common Good, University of Brasília
Present UNESCO’s ongoing work and initiatives in Open Access to scientific information.
Launch the consultation process for three new UNESCO documents on Open Access.
Highlight the KISTI–UNESCO cooperative project (2025–2029) and its strategies for building inclusive digital infrastructures and promoting equitable access to scientific research.
Explore policy frameworks, institutional strategies, and best practices for implementing Open Access at national and regional levels.
Foster dialogue among governments, research institutions, civil society, and international partners to strengthen collaboration and advance the Open Access agenda globally.
Guidance Questions
How can Open Access accelerate the democratization of knowledge and foster equitable scientific collaboration across regions and disciplines?
What policy frameworks and strategies are needed to ensure sustainable and inclusive Open Access publishing models, including Diamond Open Access?
How can regional and global cooperation, such as the KISTI–UNESCO project, support the implementation of Open Access infrastructures and policies?
In what ways does Diamond Open Access promote equity, transparency, and sustainability compared to other Open Access models?
How can Open Access advance evidence-based policymaking and contribute to achieving the Sustainable Development Goals (SDGs)?
Target Audience This webinar will bring together a diverse audience of:
Representatives of Member State Ministries responsible for Education, Science, Communication and Information;
Policy makers and experts in Open Access and Open Science;
Academic and research institutions, libraries, and data repositories;
International organizations, NGOs, and civil society working to promote equitable access to scientific information;
Researchers, educators, and students interested in the global Open Access movement and its alignment with the 2030 Agenda for Sustainable Development.
Format The webinar will follow an interactive format, featuring one question for each speaker, three questions for all speakers collectively, and a dedicated Q&A session at the end.
O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) vai promover uma sessão de perguntas e respostas sobre Acesso Aberto.
Pensado no modelo internacional Ask me Anything, o evento vai contar com a participação de pesquisadores do Instituto atuantes nas temáticas de revistas científicas, repositórios digitais, direitos autorais, Ciência Aberta, comunicação científica e temáticas relacionadas.
A ideia é promover um espaço aberto de discussão sobre diferentes tópicos que permeiam a temática do Acesso Aberto.
Informações sobre o evento:
Data: 23 de outubro de 2025
Horário: 15h às 17h (Brasília)
Palestrantes: André Appel, Fhillipe Campos, Priscila Sena e Walter Couto
O tema da Semana Internacional de Acesso Aberto 2025 pergunta: “Quem possui nosso conhecimento?”
Este é o tema da Semana Internacional do Acesso Aberto (International Open Access Week) deste ano (de 20 a 26 de outubro). O tema de 2025 apresenta uma pergunta crucial sobre o momento atual e como, em tempos de ruptura, as comunidades acadêmicas podem exercer controle sobre o conhecimento que produzem.
Este tema é baseado nas conversas, eventos e ações dos últimos anos, focados em priorizar a comunidade sobre a comercialização. Durante este tempo, avançamos significativamente neste sentido. As estratégias alinhadas com a comunidade, como o Acesso Aberto Diamante e Subscribe to Open (S2O), se expandiram consideravelmente.
Em números cada vez maiores, conselhos editoriais recuperam a propriedade de suas próprias revistas ao renunciar a mídias de publicação comercial. Cada vez mais instituições estão abandonando as estatísticas proprietárias de avaliação acadêmica, e algumas, ao redor do mundo, estão reformando suas políticas de revisão, promoção e contratação para recompensar a forma mais direta ao compartilhar.
Apesar deste progresso, riscos emergentes ameaçam priorizar a comercialização sobre os interesses da comunidade acadêmica.
A proposta de integrar a inteligência artificial nos sistemas acadêmicos — sem a obrigação de consultar ou obter o consentimento dos autores — ameaça minar nossos sistemas de conhecimento. Uma vigilância que seria impossível em uma biblioteca física agora se realizaria de forma rotineira através de algumas plataformas editoriais.
No entanto, as abordagens comunitárias, lideradas pela comunidade e não comerciais para o intercâmbio de conhecimentos, propostas pela Recomendações da UNESCO sobre a Ciência Aberta e pela Declaração de Toluca-Cidade do Cabo, oferecem vias para evitar esses riscos e alcançar um futuro onde as pessoas e as comunidades posam e se beneficiem de seus próprio conhecimento.
A Semana do Acesso Aberto 2025 será celebrada de 20 a 26 de outubro; No entanto, convide todos a organizar discussões e aprender ações quando os resultados forem mais convenientes durante o ano. As comunidades podem adaptar o tema ao seu contexto local e centralizar-se nas conversas específicas que resultam mais significativas.
Sobre a Semana Internacional do Acesso Aberto
A Semana do Acesso Aberto (https://www.openaccessweek.org/) é uma oportunidade inestimável para conectar o impulso global ao intercâmbio aberto de conhecimento com o avanço das mudanças políticas e a importância dos problemas sociais que afetam pessoas de todo o mundo. O evento é realizado por pessoas, instituições e organizações de todo o mundo, e sua organização é liderada por um comitê assessor global, que seleciona o tema de cada ano. A hashtag oficial da Semana do Acesso Aberto é #OAweek.
O tema deste ano levanta uma questão contundente sobre o momento presente e como, em tempos de ruptura, as comunidades podem reafirmar o controle sobre o conhecimento que produzem.
Também nos desafia a refletir não apenas sobre quem tem acesso à educação e à pesquisa, mas também sobre como o conhecimento é criado e compartilhado, de onde ele vem e quais vozes são reconhecidas e valorizadas.
Evento relacionado: XXVIII Semana do Livro e da Biblioteca na USP 2025: será comemorada juntamente com a Semana Internacional do Acesso Aberto, de 20 a 26 de outubro de 2025, com o tema “Quatro décadas preservando e compartilhando o conhecimento da USP: o legado das Bibliotecas”
A Declaração Toluca-Cidade do Cabo , assinada por representantes de países ao redor do mundo em dezembro, define claramente o modelo Diamond Open Access como “de propriedade da comunidade, liderado pela comunidade e não comercial”. Ela enfatiza o valor de amplificar vozes diversas e adaptar a comunicação para atender às necessidades locais e globais.
O documento foi o ponto alto das discussões na Cúpula do Acesso Aberto Diamante, em Toluca, México, em 2023, e na Cúpula da Cidade do Cabo, África do Sul, em 2024. O segundo encontro reuniu mais de 1.000 delegados presenciais e virtuais representando 73 países – incluindo 36 países africanos. O documento enfatizou a centralidade das comunidades locais que nutriram o sucesso do Acesso Aberto Diamante e que estão por trás de seu crescente impulso hoje.
Reggie Raju, diretor de pesquisa e aprendizado das Bibliotecas da Universidade da Cidade do Cabo, disse que a declaração foi impulsionada por representantes do Sul Global, que enfrentam desafios para publicar e arcar com os custos dos periódicos tradicionais.
Reggie Raju, diretor de pesquisa e aprendizado das Bibliotecas da Universidade da Cidade do Cabo, discursa para os participantes da 2ª Cúpula Global sobre Acesso Aberto Diamante.
“Grande parte da discussão sobre acesso era unidirecional: do Norte Global para o Sul Global. Agora, estamos dizendo que é um direito humano que isso seja bidirecional”, disse Raju. “Temos muito a compartilhar com o Norte Global. Isso, para mim, era fundamental.”
Também significativo na linguagem da declaração foi a adoção do compartilhamento de conhecimento de propriedade da comunidade em vez de grandes corporações, disse Raju, e a nomeação da questão como uma questão de justiça social.
“Acho que, inconscientemente, as pessoas não veem as barreiras de exclusão que nós, do Sul Global, temos que suportar”, disse Raju. “Se você já passou por isso, consegue sentir a dor e por que ela precisa ser quebrada.”
Arianna Becerril-García, diretora executiva da Redalyc e anfitriã da cúpula inaugural em Toluca, México, disse que a declaração é um “grande marco para o movimento Diamond Open Access” que reflete um novo ponto em comum.
“Tornar mais explícito o conceito do que queremos dizer com Diamond Open Access é muito útil para a comunidade e para os tomadores de decisão, porque precisamos de clareza sobre quais estratégias estão alinhadas com os valores do acesso aberto”, disse Becerril-Garcia.
Era de fundamental importância que a declaração destacasse a ciência como um bem público, pois torna obrigatória a não comercialização, disse ela. Quando há participação de atores com fins lucrativos, elementos de equidade podem ser perdidos. O Diamond Open Access pode ajudar comunidades desfavorecidas e marginalizadas a trazer vozes e conteúdo de pesquisa diversos. Bercerril-Garcia destacou a linguagem que pedia a abordagem de desafios locais e globais. “Às vezes, esquecemos as necessidades e tradições locais que precisam ser respeitadas. Todos nós podemos aprender com as culturas locais”, disse ela.
Com muita frequência, há uma tendência de pesquisadores realizarem pesquisas envolvendo uma comunidade, sem garantir que ela tenha pleno acesso e se beneficie dessa mesma pesquisa. A declaração aborda a necessidade de envolver plenamente as comunidades indígenas, afirmou Lorraine Haricombe, sul-africana e diretora das Bibliotecas da Universidade do Texas em Austin. Ela também destaca o valor da ciência cidadã inclusiva.
“É importante ter infraestruturas científicas abertas para capturar a pesquisa, preservá-la e torná-la acessível e útil para todos os outros”, disse ela.
Haricombe disse que ficou encorajada pelo entusiasmo dos participantes do Sul Global que estão prontos para assumir a responsabilidade de promover os princípios da declaração.
“É muito bonito ver que a comunidade africana percebe tanto o desenvolvimento econômico quanto as implicações culturais de reivindicar sua própria bolsa de estudos e disponibilizá-la por meio do Diamond Open Access”, disse Haricombe.
Além de ser de propriedade e liderança comunitária, Stéphanie Gagnon disse gostar da declaração, que articula o compromisso com a ciência como um bem público para melhorar a sociedade. Vincular a conversa à descolonização e à marginalização também aprofundou sua perspectiva sobre o Diamond Open Access.
Como falante de francês, Gagnon, diretora-geral das Bibliotecas da Universidade de Montreal, que trabalha em projetos canadenses em Quebec, disse que apreciava a declaração de compromisso com a diversidade regional e linguística. “Respeitar a língua local e as necessidades de publicação acadêmica, que são muito específicas de uma região, é realmente importante”, disse ela. “Isso reúne diferentes realidades e necessidades em torno de uma perspectiva comum.”
Reggie Raju, das Bibliotecas da Universidade da Cidade do Cabo, com participantes do Diamond Open Access Summit na Cidade do Cabo, África do Sul, em 2024.
O acordo foi possível na segunda cúpula com uma representação diversificada dos participantes, disse Nokuthula Mchunu, gerente de Subsídios Internacionais de Pesquisa Colaborativa em Pretória, África do Sul. A declaração visa descentralizar a comunicação acadêmica, garantindo que ela beneficie a comunidade em geral.
“Em um nível holístico, queremos ter resultados que sejam de livre acesso e publicação”, disse Mchunu. “No entanto, a força motriz para mim, pessoalmente, é a questão da equidade. Ao promover isso, você garante a participação equitativa de todos os acadêmicos participantes da comunidade do conhecimento.”
A declaração foi cuidadosamente redigida para enfatizar um ecossistema de comunicação acadêmica impulsionado pela comunidade e localmente, que deve ser não comercial, afirmou ela. “É a própria comunidade que utiliza o conhecimento e pode determinar por si mesma a qualidade”, afirmou.
Tradicionalmente, o sistema tem sido centrado no Ocidente e muito colonial, disse ela, então a conferência incluiu discussões difíceis sobre descolonização. “Precisamos pensar no [Acesso Aberto Diamante] como uma forma de abordar essa questão”, disse ela. “Foi um momento importante para finalmente obter uma declaração com essa nuance sem ter que fazer concessões.”
No futuro, Mchunu disse que chegou a hora de a comunidade retomar a comunicação acadêmica. “Esperamos que essa adoção e a comunidade tornem o Diamond Open Access a principal forma de comunicação de conhecimento.”
Emily Choynowski, fundadora e diretora do Fórum para Pesquisa Aberta no Oriente Médio e Norte da África (FORM), uma iniciativa sem fins lucrativos que apoia o avanço de políticas e práticas de ciência aberta em todo o mundo árabe, afirmou que acolheu com satisfação a ênfase explícita da Declaração no Acesso Aberto Diamante como um movimento liderado pela comunidade que promove a descolonização acadêmica e a bibliodiversidade. Com muita frequência, acadêmicos desta região publicam e apresentam seus trabalhos em inglês por uma questão de prestígio, afirmou ela, e os veículos de pesquisa em língua árabe são descartados como sendo de menor mérito pelas comunidades locais e internacionais.
“A representação regional no cenário global é mais importante do que nunca”, disse Choynowski. “A natureza centrada na comunidade da Declaração – abrangendo uma pluralidade de visões e vozes, frequentemente marginalizadas ou ignoradas – garante que as necessidades de cada comunidade sejam contempladas.”
A Declaração enfatiza a necessidade vital de maior localização nas comunicações acadêmicas, acrescentou. “Minha esperança é que a Declaração incentive o surgimento de uma rede global de comunidades autônomas, porém colaborativas, cada uma formada de acordo com as necessidades e prioridades locais – capacitando as redes locais de pesquisa a resgatar sua autoridade científica e retomar o controle de suas produções acadêmicas.”
Declaração de Toluca-Cidade do Cabo
Após a Cúpula Global de Toluca de 2023, nós, participantes da Cúpula Global da Cidade do Cabo de 2024, afirmamos que o conhecimento acadêmico é um bem público.
Defendemos que o acesso ao conhecimento seja livre de preconceitos e parcialidades. Ele deve ser acessível a todas as comunidades, incluindo leitores e autores, sem barreiras e paywalls.
Afirmamos ainda que o acesso aberto aos diamantes é impulsionado pela justiça social, equidade e inclusão.
Estamos comprometidos em promover o acesso aberto aos diamantes para garantir a produção, a disseminação e o acesso equitativos, inclusivos e sustentáveis à informação e ao conhecimento, promovendo a inclusão, a diversidade, a descolonização e a desmarginalização.
Respeitamos a diversidade regional na comunicação acadêmica e reiteramos que a implementação do acesso aberto diamante precisa ser adaptada para enfrentar os desafios locais e globais.
Dados abertos estão rapidamente se tornando um componente essencial da comunicação acadêmica. O mais recente Relatório “State of Open Data” da Springer Nature sugere que dados abertos estão prestes a se tornar uma produção acadêmica padrão, reconhecida e apoiada globalmente, e que o compartilhamento de dados ajuda a criar um ecossistema de pesquisa mais equitativo, justo e com menos desperdício.
Aqui, analisamos porque compartilhar seus dados de pesquisa beneficia você e a comunidade científica em geral, e oferecemos dicas práticas sobre por onde começar.
Esta é uma tradução livre das orientações publicadas pela equipe da Springer Nature [1].
A base de uma pesquisa sólida e transparente
Acreditamos que compartilhar todos os resultados da pesquisa contribui para o avanço das descobertas, tornando a pesquisa mais transparente, mais robusta e acelerando o progresso da pesquisa.
Na série de matérias sobre ciência aberta publicadas pela Springer Nature, abordamos diversas práticas de ciência aberta, incluindo o compartilhamento de protocolos e códigos, e como estamos ativamente promovendo práticas de ciência aberta em todo o nosso portfólio.
Compartilhar seus dados é um dos fundamentos da ciência aberta. Mas o que exatamente queremos dizer com dados? Dependendo do tipo de pesquisa que você realiza e da disciplina em que trabalha, dados podem significar praticamente qualquer tipo de arquivo, incluindo texto, áudio ou imagens. Os dados podem ser qualitativos, quantitativos, analógicos ou digitais. Qualquer resultado que sustente sua pesquisa é um dado valioso.
A gestão e o compartilhamento de dados seguem cada vez mais os chamados princípios FAIR, que visam tornar os dados genuinamente úteis para os outros. Tornar os dados localizáveis, acessíveis, interoperáveis (ou legíveis por máquinas) e reutilizáveis aumenta a transparência e a reprodutibilidade do seu trabalho, reduz a duplicação e a repetição desnecessária de resultados de pesquisa e, em última análise, aumenta a confiança na ciência.
Pesquisadores em todo o mundo estão vinculando publicações a conjuntos de dados
A pesquisa State of Open Data mostra que o número de pesquisadores que compartilham dados está crescendo constantemente. É importante ressaltar que o relatório também mostra que os artigos de pesquisa da Springer Nature são cada vez mais publicados com declarações de disponibilidade de dados .
Essas declarações oferecem descrições claras de como os pesquisadores disponibilizaram seus dados, permitindo que outros entendam como encontrar, usar e reutilizar seus dados. Elas também podem incluir links para dados disponíveis publicamente, se estiverem disponíveis em um repositório.
Vincular seus dados abertos a um artigo publicado permite que mais pesquisadores explorem, validem e desenvolvam seu trabalho, fortalecendo sua credibilidade.
Crédito para dados abertos
Além de apoiar outros pesquisadores, o compartilhamento aberto de dados oferece muitos benefícios diretos. O compartilhamento de dados por meio de repositórios demonstrou aumentar as citações tanto do artigo quanto de seus conjuntos de dados.
O State of Open Data descobriu que as citações continuam sendo um dos principais motivos pelos quais os pesquisadores compartilham seus dados.
Há uma série de razões sugeridas para esse benefício da citação: a disponibilidade pública aumenta a visibilidade e o engajamento com seu trabalho, o que, por sua vez, aumenta o potencial de reutilização, tornando a pesquisa mais propensa a ser citada.
Além disso, quando os dados são compartilhados abertamente, podem sinalizar para outros pesquisadores que são confiáveis.
Por meio de repositórios ou publicação de dados, os dados abertos também incluem identificadores persistentes (PIDs) que permitem rastrear métricas como reutilização e impacto, possibilitando atribuir crédito a todas as contribuições individuais à pesquisa.
Financiadores e periódicos com requisitos para compartilhamento de dados
As políticas dos financiadores estão cada vez mais exigindo que os beneficiários compartilhem seus dados (veja, por exemplo, o NIH ou o Wellcome). Essas exigências também estão impulsionando as práticas de compartilhamento de dados.
Por exemplo, o relatório ” State of Open Data” mostra que países com políticas estabelecidas (como em toda a Europa) apresentam níveis mais elevados de compartilhamento.
O State of Open Data também recomenda que, para as editoras, combinar políticas com um fluxo de trabalho fácil de implementar seja essencial se quisermos que mais pesquisadores compartilhem seus dados. É por isso que criamos nossa política de dados unificada para todos os periódicos e livros, facilitando para nossos autores o conhecimento do que se espera deles.
Política de dados da Springer Nature – o que você precisa saber
Todos os artigos originais devem incluir uma declaração de disponibilidade de dados explicando onde e como acessar os dados (e aqui está mais sobre como fazer isso).
Incentivamos você a compartilhar seus dados em um repositório.
Há orientações sobre o que considerar ao selecionar um repositório ; por exemplo, algumas disciplinas têm um repositório dedicado e reconhecido pela comunidade, enquanto outras podem exigir um repositório generalista. Um ponto importante é que bons repositórios devem fornecer um PID que também possa ser citado por outros, dando a você mais crédito pelo seu trabalho.
Recomendamos que os dados sejam o mais abertos possível e restritos conforme necessário. Nem sempre é apropriado publicar seus dados abertamente, por exemplo, quando são sensíveis (como dados humanos) ou proprietários. Você deve sempre aplicar as restrições apropriadas antes de compartilhar dados. Você pode encontrar mais orientações sobre compartilhamento de dados sensíveis .
Dicas importantes para começar a compartilhar dados
Seja qual for o caminho que você escolher, compartilhar seus dados é um passo vital para um ecossistema de pesquisa mais transparente e confiável. Aqui estão nossas três principais dicas para você começar:
Planeje com antecedência. É importante pensar em como você gerenciará, documentará e compartilhará os dados da pesquisa o mais cedo possível durante a sua pesquisa e, certamente, bem antes da publicação.
Garanta que os dados estejam disponíveis para revisão por pares: revisores e editores podem solicitar a visualização dos seus dados como parte do processo de revisão por pares para embasar sua avaliação do seu trabalho.
Verifique qual repositório é mais apropriado para seu trabalho.
Considerando a importância de aprofundarmos os conhecimentos a respeito do conceito e os desafios da Ciência Aberta, reproduzimos aqui a matéria publicada recentemente no Blog SciELO em duas partes, de autoria de Abel L Packer e Solange Santos1
A Ciência Aberta pleiteia uma transformação considerável essencialmente enriquecedora do tradicional modus operandi de fomentar, projetar, realizar e, particularmente, comunicar pesquisa. O objetivo é privilegiar a natureza colaborativa da pesquisa e democratizar o acesso e uso do conhecimento científico. Ela abarca um conjunto de práticas, entre as quais, destacamos:
disponibilização em acesso aberto dos dados, métodos de análise e códigos de programas e outros materiais utilizados na pesquisa, assim como dos resultados obtidos para viabilizar a preservação, reprodutibilidade e reusabilidade dos dados;
rapidez na comunicação dos artigos como fator chave no avanço do conhecimento científico, mediante a adoção da modalidade preprint, que é uma versão completa do artigo científico depositada pelos autores em um servidor público de preprints, antes do envio a um periódico para avaliação da publicação. Os preprints se posicionam assim, como início formal do fluxo de publicação dos artigos e dotam os autores de maior controle da comunicação;
transparência e abertura progressiva nos processos de avaliação de manuscritos por pares envolvendo relações e interações entre autores, editores e pareceristas.
Embora conceitos de Ciência Aberta sempre estiveram presentes na evolução da ciência, o movimento atual é produto da web e, mais precisamente, da sua capacidade de promover a desintermediação nos processos de acesso e comunicação de informação e a interoperabilidade entre conteúdos.
A natureza da Ciência e aberta
As fundamentações, análises e visões críticas do conceito e dos movimentos em prol da Ciência Aberta apontam como eixo comum o aperfeiçoamento do funcionamento da ciência segundo várias dimensões, prioridades ou escolas de pensamento. Em particular, o enriquecimento do modus operandi de comunicar pesquisas tem como foco principal o aperfeiçoamento da aplicação do método científico em prol da geração confiável de novos conhecimentos, que se traduz na condução de pesquisas informadas e reprodutíveis, obedientes a padrões éticos e que favoreçam o retorno dos investimentos recebidos. Este retorno é uma reivindicação das agências financiadoras de pesquisa que desejam fomentar a abertura dos métodos e dados das pesquisas para uso de outras investigações, processos e objetos educacionais, inovações tecnológicas, aplicações profissionais, educação continuada e outros usos. Ou seja, o amplo acesso às fontes de conhecimento envolvidas e produzidas pelas pesquisas tem o intuito de maximizar a razão de ser da ciência enquanto empreendimento cooperativo cultural e social.
Figura 1. Um guarda-chuva abarcando as práticas independentes tornou-se a mais popular entre as imagens de representação do conceito de Ciência Aberta. Fonte: FIOCRUZ, 2019, O que é Ciência Aberta?, disponível em: https://bit.ly/2G8OwXc
Assim, por um lado, a Ciência Aberta fortalece as redes de colaboração entre pesquisadores em prol do avanço do conhecimento no universo das disciplinas e da ciência em geral. Por outro lado, promove a função social da ciência no aporte de entendimentos e soluções às grandes questões que afetam o presente e futuro da humanidade, que estão cuidadosamente sistematizadas na declaração dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), lançada em 2015 e aprovada por 193 países, sob a liderança das Nações Unidas, e conhecida como Agenda 2030 (veja a Figura 2).
Figura 2. Agenda 2030 – 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Fonte: ALEXOVICH, A. e SAMAAN, M., disponível em: https://bit.ly/2tq3HV1
Em muitos sentidos, os ODS e a Ciência Aberta são políticas contemporâneas e globais que convergem na busca de melhores condições de vida e proteção do meio ambiente. Essa convergência constitui fator chave na governança global e na interação com suas múltiplas contextualizações regionais, nacionais, locais e temáticas, com destaque para a capacidade de influenciar políticas públicas com as melhores evidências científicas disponíveis, empoderar a sociedade democrática e solidária, inclusive para a identificação e rejeição das fake news e seus efeitos destrutivos, assim como para rejeitar movimentos que negam a ciência, alguns especialmente perniciosos como a refutação dos efeitos das mudanças climáticas, eficiência das vacinas, além de tolices como o terraplanismo.
A difusão e discussão sobre os significados da Ciência Aberta, os desafios que a sua adoção impõe e, principalmente, as vantagens e ganhos que propicia têm crescido no cenário científico internacional e nacional. Tudo indica que o ritmo de adoção das suas práticas será agilizado no futuro próximo. Este fato foi registrado em levantamento recente sobre a implantação da Ciência Aberta na União Europeia e em oito outros países, elaborado pela Fiocruz e publicado como livro verde2. Ha também um crescente número de fontes de informação que advogam a adoção da Ciência Aberta, disponíveis na web, como cursos de capacitação, websites, fóruns, etc. orientados a pesquisadores e outros atores.
O governo brasileiro, no contexto da parceria internacional que ajudou a criar, em 2011, a Parceria do Governo Aberto (Open Government Partnership, OGP), e de seu calendário de implantação, lançou em 2018, o 4° Plano de Ação Nacional em Governo Aberto, composto de onze compromissos. O terceiro trata da Inovação e Governo Aberto na Ciência, mais especificamente com o “estabelecimento de mecanismos para a governança de dados científicos”, compromisso que, vale lembrar, é associado ao ODS 9.5 de avanço da pesquisa e de capacidades tecnológicas. Tal compromisso é estruturado em nove marcos de execução, sob a coordenação da Embrapa, e conta com a participação de organismos federais de Ciência e tecnologia (Capes, CNEN, CNPq, Embrapa, Fiocruz e IBICT) e de atores da sociedade civil, com destaque para a Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC) e o Programa SciELO/FAPESP no campo da comunicação científica (Figura 3).
Figura 3. Parceria para Governo Aberto: o 4º Plano de Ação Brasileiro tem como terceiro compromisso a inovação e Governo Aberto na Ciência, com nove marcos de execução.
Marcos de execução: 1. Implantação de uma rede interinstitucional pela Ciência Aberta 2. Realização de diagnóstico nacional e internacional da Ciência Aberta 3. Definição de diretrizes e princípios para políticas institucionais de apoio à Ciência Aberta 4. Promoção de ações de sensibilização, participação e capacitação em Ciência Aberta 5. Articulação com agências de fomento para a implantação de ações de apoio à Ciência Aberta 6. Articulação com editores científicos para a implantação de ações em apoio à Ciência Aberta 7. Implantação de infraestrutura federada piloto de repositórios de dados de pesquisa 8. Proposição de padrões de interoperabilidade para repositórios de dados de pesquisa 9.Proposição de conjunto de indicadores para aferição da maturidade em Ciência Aberta
Na reunião da Rede SciELO, ocorrida durante as comemorações dos 20 anos do SciELO, em setembro de 2018, foram aprovadas as linhas de ação3 para os próximos cinco anos e que contemplam a adoção progressiva das práticas de comunicação da Ciência Aberta.
A pesquisa compartilhada
O aspecto central da almejada qualificação de “aberta” para a ciência é o da capacidade de comunicação permeando todos os processos e conteúdos do ciclo da pesquisa, o que, vale repetir, resgata e promove a natureza colaborativa do empreendimento científico na criação de novos conhecimentos. Esta abertura ampla e informada caracteriza o conhecimento científico como bem público global e inclusivo, geográfica, temática e socialmente. A abertura implica em que a formulação e a execução dos projetos de pesquisa contemplem a gestão do registro cuidadoso e padronizado dos processos, métodos, materiais e dados com vistas à sua disponibilização pública e legível, tanto para humanos como para computadores. Este registro é a garantia da integridade da comunicação dos resultados. Há casos mais avançados em que o processo propriamente dito é aberto, como nos cadernos abertos de laboratório.
Conceitualmente, fazer com que a comunicação permeie todo o ciclo da pesquisa é tão ou mais importante que o tradicional e isolado ato final da redação e comunicação dos resultados por meio de um ou mais artigos publicados em periódicos. Além de assegurar a consistência de toda a pesquisa, permitir o reuso e facilitar avaliações, a disponibilização dos dados das pesquisas – em servidores públicos confiáveis – assegura sua preservação e evita a tendência de perda progressiva dos dados com o passar dos anos, quando mantidos sob a guarda dos pesquisadores ou de ambientes não sustentáveis.
A capacidade de comunicação em todo o ciclo da pesquisa se traduz em transparência e exposição da execução da pesquisa a controles de qualidade automatizados, de pares e do público no que diz respeito ao rigor metodológico e a padrões éticos. Tudo isso contribui para minimizar erros e más condutas, tais como plágio, conflitos de interesse, dados falsificados, comprometimento da avaliação por pares e falsas atribuições de autorias.
A gestão e compartilhamento de dados da pesquisa
A prática de dados abertos e formalizada pela gestão de dados como parte integral dos projetos, ou seja, do início ao final do ciclo da pesquisa. Inicia-se com um plano de gestão de dados que integra a proposta do projeto de acordo com instruções da agência de financiamento ou da instituição. Um exemplo e o serviço do website <https://dmptool.org/>, do Centro de Curadoria da Universidade da Califórnia (University of California Curation Center, UC3) da Biblioteca Digital da Califórnia (California Digital Library) que guia o pesquisador na preparação de planos de gestão de dados segundo diferentes modelos.
A gestão de dados é uma função estruturante da execução qualificada da investigação dos objetivos da pesquisa, dos métodos adotados, dos achados e da sua capacidade de comunicação. Inclui os processos de criação ou coleta, controle de qualidade, estruturação, armazenamento e disponibilização dos dados utilizados na pesquisa, sejam eles gerados pelo próprio projeto ou reusados de outras fontes. Os guias, metodologias, ferramentas e serviços de gestão de dados pressupõem quase sempre o uso de suporte digital.
O objetivo é planejar, viabilizar e facilitar, por um lado, o entendimento e avaliação da correta execução da pesquisa, validação dos resultados e sua reprodutibilidade, e, por outro lado, o compartilhamento dos dados visando seu reuso. Aqui o conceito de dados pode abranger também as ferramentas metodológicas e códigos de programas.
Desde a sua publicação no Scientific Data, em 2016 os “Princípios FAIR para gestão e administração de dados científicos”4 (FAIR Guiding Principles for scientific data management and stewardship) se fundiram progressivamente como um guia consensual de referência para a organização e disponibilização eficientes dos dados de pesquisas e também das funcionalidades dos servidores. Por FAIR entenda-se: Findable – Encontrável, Accessible – Acessível, Interoperable – Interoperável, Reusable – Reusável. A iniciativa Global Open FAIR (GO FAIR) compreende redes de implementação dos princípios FAIR com a perspectiva do desenvolvimento da Internet de Dados e Serviços FAIR (Internet of FAIR Data & Services, IFDS). O Brasil iniciou sua participação com a GO FAIR Brasil Saúde, com a rede de implantação dos princípios FAIR nas ciências da saúde, sob a liderança da Fiocruz.
Na gestão FAIR dos dados, os pesquisadores depositam, em um servidor, um conjunto de dados estruturados por três componentes seguindo a arquitetura de objetos digitais: um identificador persistente como o DOI (Digital Object Identifier), os dados e os metadados. Os metadados são, em geral dependentes da área temática e descrevem os dados com identificação padronizada de autoria, título, descrição, palavras-chaves, elementos de dados, localização, etc., tornando-os fontes citáveis. Sempre que apropriado, os autores devem escrever um artigo de dados (data articles), fornecendo o detalhamento dos dados, sua proveniência, curadoria e possibilidades de análises e limitações de uso, que é outra fonte passível de citação. Por último, preparam um ou mais artigos textuais de pesquisa com as análises dos dados, descrição e discussão de resultados. Assim, com dados abertos, os autores podem ampliar os canais de comunicação das pesquisas com pelo menos três fontes citáveis: os dados, os artigos dos dados e os artigos narrativos. Os dados em geral são abertos após a publicação dos artigos. Em casos justificados de preservação de privacidade e necessidade de sigilo temporário ou definitivo os dados não são abertos. No contexto da Ciência Aberta, aos comitês de ética caberá também a orientação sobre quais tipos de dados devem ou não ser abertos.
Como a gestão de dados de pesquisa é altamente dependente das disciplinas e áreas temáticas, as sociedades científicas e associações de programas de pós-graduação são chamadas a desenvolver programas de disseminação, treinamento e guias de orientação das práticas de gestão de dados para suas respectivas comunidades de pesquisa.
Internacionalmente, os periódicos estão adotando em suas políticas editoriais e critérios de avaliação de manuscritos controles sobre os dados de pesquisa, assim como códigos de programas e outros materiais que justificam as afirmações e resultados obtidos. Um aspecto chave do controle são as normas de citação que, de modo geral, seguem a mesma estrutura de citação de literatura científica. A Data Cite é uma organização de referência para as questões metodológicas de citações de dados. Ela opera também o catálogo R3Data de repositórios de dados de pesquisa e que serve de fonte para os periódicos definirem os repositórios que são aceitáveis. Os periódicos contam também com as Diretrizes TOP (Transparency and Openness Promotion) do Center for Open Science (COS) que servem de guia para definir um caminho de adoção gradual da gestão de dados estruturados em oito critérios distintos e três níveis de implantação. No Brasil, o SciELO adotou as Diretrizes TOP nas linhas de ação de alinhamento com a Ciência Aberta. Para o conjunto dos periódicos do Brasil, a liderança da ABEC em prol da atualização das políticas editoriais será decisiva. Os pesquisadores que seguem as normas de gestão de dados têm condições de atender às demandas dos periódicos sem problemas.
As agências de financiamento passam a exigir, nos critérios de avaliação de pedidos de auxílios, o plano de gestão de dados como parte do projeto de pesquisa. A FAPESP iniciou esta exigência em novembro de 2018, inicialmente para os Projetos Temáticos. Atualmente também está promovendo uma rede de gerenciamento de dados envolvendo as sete universidades públicas do estado. Da mesma forma, a gestão de dados de pesquisa incluindo o uso de repositórios passa a fazer parte das políticas de pesquisa das universidades e instituições de pesquisa.
2. SANTOS, P.X., et al. Livro Verde – Ciência Aberta e dados abertos: mapeamento e análise de políticas, infraestruturas e estratégias em perspectiva nacional e internacional. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2017 [viewed 1 August 2019]. Available from: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24117
4. WILKINSON, M. D., et al. The FAIR guiding principles for scientific data management and stewardship. Scientific Data [online]. 2016, vol. 1, no. 3 [viewed 1 August 2019]. DOI: 10.1038/sdata.2016.18. Available from: https://www.nature.com/articles/sdata201618
Referências
ALBAGLI, S., MACIEL, M.L. and ABDO, A.H. (org.). Ciência Aberta, questões abertas. Brasília: Ibict; Rio de Janeiro: Unirio, 2015 [viewed 1 August 2019]. Available from: https://bit.ly/2o2b6c4
BENEDIKT, F. and SASCHA, F. Open Science: One Term, Five Schools of Thought. In: BENEDIKT, F. and SASCHA, F. (eds) Opening Science. Cham: Springer, 2014 [viewed 1 August 2019]. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-319-00026-8_2
MONS, B. Data Stewardship for Open Science: Implementing FAIR Principles. Boca Raton: CRC Press, 2018. Available from: https://bit.ly/2uVb47z
SANTOS, P.X., et al. Livro Verde – Ciência Aberta e dados abertos: mapeamento e análise de políticas, infraestruturas e estratégias em perspectiva nacional e internacional. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2017 [viewed 1 August 2019]. Available from: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24117
WILKINSON, M. D., et al. The FAIR guiding principles for scientific data management and stewardship. Scientific Data [online]. 2016, vol. 1, no. 3 [viewed 1 August 2019]. DOI: 10.1038/sdata.2016.18. Available from: https://www.nature.com/articles/sdata201618
Considerando a importância de aprofundarmos os conhecimentos a respeito do conceito e os desafios da Ciência Aberta, reproduzimos aqui a matéria publicada recentemente no Blog SciELO em duas partes, de autoria de Abel L Packer e Solange Santos1
Uma das práticas da Ciência Aberta que nos é familiar é o Acesso Aberto aos textos dos artigos disponibilizados publicamente na web, seja pelos periódicos na modalidade conhecida como Acesso Aberto Dourado ou pelos próprios autores em seus websites, em repositórios institucionais ou temáticos, logo após a publicação do artigo ou após um período de seis ou doze meses de embargo imposto pelo periódico, modalidade que e conhecida como Acesso Aberto Verde. O principal modelo de autofinanciamento ou comercialização utilizados pelos periódicos de acesso aberto dourado e a cobrança dos autores de uma taxa de publicação, popularizada internacionalmente como Article Processing Charge (APC). A maioria dos periódicos de acesso por assinatura publicam também parte dos artigos em acesso aberto com a cobrança de APC, modalidade denominada híbrida. Os valores mais frequentes da APC variam de US$1500 a US$5000.
Adotado pioneiramente há mais de 20 anos no Brasil pelo SciELO e em anos seguintes por 13 outros países (Figura 1) e consolidado globalmente como uma modalidade de comunicação científica, o Acesso Aberto sinaliza a viabilidade das demais práticas da Ciência Aberta, porém não sem desafios. Sua adoção generalizada enfrenta ainda forte resistência das editoras comerciais que buscam um modelo de negócios com retorno financeiro igual ou maior do que obtêm com o acesso restrito por assinaturas.
Figura 1. Rede SciELO – evolução do número de periódicos indexados e ativos por 14 coleçõesnacionais certificadas, entre 1997 e 2018. Fonte: SciELO/PACKER, A.L., Agosto/2018
Entretanto, os desafios que enfrenta a universalização do Acesso Aberto envolvem todo o sistema científico. A validação dos artigos que descrevem as pesquisas e realizada pelos periódicos com a colaboração de pesquisadores (pares) especialistas. Entretanto, esta qualificação da avaliação nas diferentes áreas e associada ao prestígio ou impacto dos periódicos, quase sempre medido por indicadores bibliométricos anuais das citações por artigo. Assim, não obstante as críticas generalizadas, os periódicos e seu ranqueamento operam como proxy da qualidade das pesquisas que publicam, e o seu prestígio ou impacto e estendido aos pesquisadores-autores, seus programas de pós-graduação, departamentos, universidades, países, regiões do mundo. Como a maioria dos periódicos melhor ranqueados pelos indicadores bibliométricos são comercializados pelas editoras, estas gozam de muito poder junto as comunidades de pesquisa para resistir ao avanço do acesso aberto e, portanto, da Ciência Aberta.
Rapidez e transparência na comunicação das pesquisas – rumo aos preprints
Incorporado como bandeira do movimento da Ciência Aberta, é crescente o questionamento dos periódicos pela demora e falta de transparência no processo de avaliação de manuscritos, muitas vezes referido como “caixa preta” e sem salvaguardas explícitas de vieses a favor ou contra dos autores por atitudes e decisões influenciadas por sua origem geográfica, nacionalidade, etnia, gênero, idade, escolas de pensamento, etc. O caminho principal é a abertura que inclui a publicação continua, a adoção de preprints e a avaliação aberta de pares como estágio mais avançado.
Na publicação on-line clássica, muitos periódicos minimizam o tempo de processamento publicando os manuscritos logo após a aprovação em versão provisória, sem nenhuma edição, ou utilizam a chamada publicação continua de artigos individuais, logo após aprovados e editados, com um número de identificação que substitui a paginação. A publicação continua existe há cerca de 20 anos, mas se popularizou com os mega journals que operam como plataforma de artigos, como nos casos da PLOS ONE e Scientific Reports. O SciELO recomenda fortemente que todos os periódicos adotem a publicação contínua.
Entretanto, a demora na publicação de artigos de resultados de pesquisas é resolvida completamente ao iniciar-se o fluxo de comunicação com os manuscritos disponibilizados como preprints, em acesso aberto, antes ou em paralelo à submissão a periódicos. Além de acelerar a comunicação dos resultados da pesquisa, os preprints, enquanto documentos formais com DOI (Digital Object Identifier) e preservados, asseguram aos autores precedência de descobrimentos, novas ideias e processos e ainda permitem o melhoramento dos manuscritos, antes ou durante o processo de avaliação por um periódico ao permitir a geração de sucessivas versões aprimoradas a partir de comentários e sugestões recebidas no servidor de preprints. São também passíveis de citação e de registro no currículo dos pesquisadores para informar solicitações e relatórios de auxílios. Uma vez aceito por um periódico, o preprint é atualizado com uma observação de que foi aprovado e um link para o artigo publicado. É crescente também a exposição de artigos já publicados a comentários públicos, facilidade que se caracteriza como avaliação pós-publicação.
O SciELO e o Public Knowledge Project (PKP), responsável pelo Open Journal Systems (OJS) estabeleceram, em 2018, uma pareceria para o desenvolvimento de um sistema com vistas a implantação de um servidor de preprints. O objetivo é que atenda a todas as áreas temáticas, na perspectiva de fortalecer o fluxo de alimentação dos periódicos que indexa com manuscritos de melhor qualidade, sem atrasos na comunicação das pesquisas. Internacionalmente, existem vários servidores de preprints já consolidados como o arXiv, criado em 1991 e que atualmente cobre áreas de física, matemática, ciências da computação e seis outras áreas; o bioRxiv e o PeerJ, criados em 2013 para as áreas de ciências biológicas; o SSRN, criado em 1994 para Ciências Sociais, Humanidades e outras disciplinas e a OSF Preprints, que opera uma coleção de mais de 20 servidores de preprints, etc.
Quanto à transparência da avaliação por pares, um número ainda pequeno, porém crescente de periódicos oferece opções de abertura progressiva aos editores, autores e pareceristas. O SciELO recomenda as seguintes opções de avanço gradual de transparência e abertura: inclusão no texto do artigo publicado do nome do editor responsável pela avaliação e aprovação; publicação de pareceres de artigos aprovados como texto de comunicação científica com DOI; e, abertura das identidades dos autores e pareceristas durante o processo de avaliação. Entretanto, os periódicos do Brasil ainda veem com muita reserva a adoção da abertura plena da avaliação de manuscritos como é feita pela plataforma de publicação F1000 Research.
Linhas de Ação para os próximos anos
Todos os atores e instâncias da pesquisa são chamados a posicionar-se política e operacionalmente frente aos desafios e, especialmente, as vantagens e ganhos que a adoção da Ciência Aberta significara para os respectivos entornos, assim como suas interdependências, nas quais a participação e cooperação internacional têm um papel decisivo. A renúncia a posicionar-se frente as complexidades e ficar no aguardo do que está por vir pode ser cômodo inicialmente, mas pode também reduzir ganhos, afastar-se do estado da arte e atrasar-se na curva de aprendizagem das práticas de Ciência Aberta.
As áreas temáticas mais internacionalizadas estão condicionadas ao ritmo de adoção da Ciência Aberta, ditadas pelos organismos de ciência e tecnologia, sociedades científicas e editoras comerciais dos países desenvolvidos. As menos internacionalizadas deverão ditar seu próprio ritmo, o que abre um campo de ajustes e inovações das estruturas de pesquisa. Entretanto, para ambos os contextos, o posicionamento proativo das autoridades, de políticas públicas e institucionais de pesquisa é essencial para avançar na aprendizagem e defender pautas de interesse nacional.
Os pesquisadores, enquanto responsáveis pela formulação e execução de projetos de pesquisa, são, ao mesmo tempo, os atores mais importantes e os que mais dependem de outros atores e instâncias no processo de adoção da Ciência Aberta, com destaque para a liderança dos periódicos, que, em número crescente, conduzem os pesquisadores a cumprir exigências de práticas da Ciência Aberta em suas políticas e procedimentos editoriais. A proatividade dos pesquisadores dependerá também das políticas de financiamento e dos sistemas de avaliação da pesquisa, na eventualidade de passarem a exigir ou premiar a obediência as práticas da Ciência Aberta.
Os sistemas de bibliotecas das universidades e institutos vêm desempenhando um papel de liderança na adoção das práticas de Ciência Aberta, especialmente na sua disseminação na operação de repositórios de dados de pesquisa.
No curso de adoção da Ciência Aberta, vale lembrar, em primeiro lugar, que a apropriação das inovações que ela traz, conforma um processo complexo política, social, financeira e operacionalmente, que demandará meses de aprendizagem e anos de experiências, com ajustes sucessivos até que se torne o modus operandi predominante da pesquisa. Depois, vale lembrar que se trata de um empreendimento global que abarcará progressivamente todos os países, disciplinas e áreas temáticas, mas cujo desenvolvimento embutira um sem-número de contextualizações. Nesse sentido, o desafio maior para as autoridades e as comunidades de pesquisa do Brasil e definir e implantar linhas de ação para situar-se oportunamente no avanço nacional e global da Ciência Aberta, com foco no fortalecimento e ampliação de capacidades e infraestruturas adequadas as condições e prioridades de cada entorno.
Entre as primeiras linhas de ação, destaca-se, por um lado, a promoção nas diferentes comunidades do mais amplo entendimento do que é a Ciência Aberta em toda a sua extensão, como afetará a todos e a cada um e, principalmente, como enriquecera a capacidade científica e as prioridades de cada contexto. Por outro, a promoção de diálogos para a formulação de posicionamentos públicos das comunidades de pesquisa sobre o alinhamento com as práticas da Ciência Aberta. O entendimento e a construção progressiva de consensos a favor das boas práticas da Ciência Aberta nos diferentes contextos são condição e meios para a superação das resistências e posicionamento proativo.
ALBAGLI, S., MACIEL, M.L. and ABDO, A.H. (org.). Ciência Aberta, questões abertas. Brasília: Ibict; Rio de Janeiro: Unirio, 2015 [viewed 1 August 2019]. Available from: https://bit.ly/2o2b6c4
BENEDIKT, F. and SASCHA, F. Open Science: One Term, Five Schools of Thought. In: BENEDIKT, F. and SASCHA, F. (eds) Opening Science. Cham: Springer, 2014 [viewed 1 August 2019]. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-319-00026-8_2
MONS, B. Data Stewardship for Open Science: Implementing FAIR Principles. Boca Raton: CRC Press, 2018. Available from: https://bit.ly/2uVb47z
SANTOS, P.X., et al. Livro Verde – Ciência Aberta e dados abertos: mapeamento e análise de políticas, infraestruturas e estratégias em perspectiva nacional e internacional. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2017 [viewed 1 August 2019]. Available from: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24117
WILKINSON, M. D., et al. The FAIR guiding principles for scientific data management and stewardship. Scientific Data [online]. 2016, vol. 1, no. 3 [viewed 1 August 2019]. DOI: 10.1038/sdata.2016.18. Available from: https://www.nature.com/articles/sdata201618
O presente livro resulta dos esforços empreendidos pela Associação Brasileira de Editores Científicos (Abec Brasil) e parceiros engajados no Compromisso 3 do 4º Plano de Ação Nacional em Governo Aberto, na intenção de melhor compreender a dinâmica da Ciência Aberta e suas implicações sobre o cenário editorial científico nacional.
Entre os temas desenvolvidos nesta publicação, estão:
data papers e as novas possibilidades de editoração científica;
gestão e abertura de dados em uma variedade de contextos;
o papel dos repositórios de dados;
web de dados, web semântica e linked data na Ciência Aberta;
propriedade intelectual e direito autoral para dados de pesquisa;
a interface entre dados abertos e o processo de indexação;
princípios FAIR na Ciência Aberta;
políticas editoriais e de Ciência Aberta; entre outros tópicos atuais e de interesse da comunidade editorial científica.
No dia 11 de agosto de 2025, às 14h (horário de Brasília), acontecerá o segundo webinar da série:
“Highlighting the Need to Protect the Diamond Open Access Model in Latin America/ Destacando a Necessidade de Proteger o Modelo de Acesso Aberto Diamante na América Latina”
O debate será moderado por Bianca Amaro, representante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, e contará com tradução simultânea em português, espanhol e inglês, promovendo o diálogo entre diferentes comunidades científicas da região.
A iniciativa tem como objetivo chamar atenção para a crescente preocupação com a adoção, por parte de periódicos diamantes, do modelo de cobrança por publicação, conhecido como APC (Article Processing Charge).
Neste segundo encontro, o foco estará voltado para a realidade do Brasil, país que abriga uma das maiores redes de periódicos de acesso aberto do mundo, sustentada majoritariamente por instituições públicas e sem fins lucrativos.
👥 O evento contará com a participação de: Arianna Becerril García, Phillipe de Freitas Campos, Andrea Mora Campos, Edna Montero, Peter Suber e Andréa Vieira.
A Ciência Cidadã é uma das vertentes do movimento pela ciência aberta. Tem como foco promover a contribuição e o engajamento de não cientistas nas atividades de produção e análise de conhecimentos, dados e informações relevantes à ciência e às questões de importância social, ambiental e territorial.
A Cívis é uma plataforma de Ciência Cidadã, desenvolvida pelo IBICT em código aberto a partir da EU-Citizen.Science. O objetivo é oferecer infraestrutura e conteúdos que contribuam para ampliar o entendimento sobre Ciência Cidadã, disseminar seu uso e dar suporte ao desenvolvimento de iniciativas e à aplicação de metodologias nesse campo, com foco na América Latina e no Caribe.
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