Declaração do 9º Fórum Mundial da Ciência: ética e responsabilidade científica

Declaração do 9º Fórum Mundial da Ciência 2019: Ética e Responsabilidade Científica* 

Budapeste, 23 de novembro de 2019 

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Preâmbulo

Com o incentivo e o apoio das organizações parceiras do Fórum Mundial da Ciência, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Conselho Internacional da Ciência (ISC), a Academia Húngara de Ciências, a Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), Academia Mundial de Ciências (TWAS), Parceria InterAcademy (IAP) e Conselho Consultivo de Ciências das Academias Europeias (EASAC), nós participantes do 9º Fórum Mundial de Ciências, realizado de 20 a 23 de novembro de 2019 em Budapeste, adotamos a presente Declaração.

O Fórum Mundial de Ciência (FSM), resultado da Conferência Mundial de Ciência (World Conference on Science – WCS) de 1999, é um evento bienal que desde 2003 reúne com sucesso cientistas, formuladores de políticas, líderes da indústria, sociedade civil e mídia para discutir o papel da ciência no enfrentamento dos desafios globais. .

De acordo com as recomendações da Conferência Mundial de Ciência de 1999 (WCS) sobre ciência e uso do conhecimento científico e, levando em conta a Declaração de Budapeste de 2011 sobre a nova era da ciência global, a Declaração do Rio de Janeiro de 2013 sobre Ciência para o Desenvolvimento Sustentável Global, a Declaração de Budapeste de 2015 sobre o Poder Capacitador da Ciência e a Declaração da Jordania de 2017 para a Ciência pela Paz, reafirmamos nosso compromisso com a conduta ética e rigorosa da pesquisa científica e o uso responsável do conhecimento científico.

Ciência, Ética e Responsabilidade – 20 anos após a Conferência Mundial de Ciência de 1999

A Declaração sobre Ciência e o Uso do Conhecimento Científico (Declaration on Science and the Use of Scientific Knowledge) endossada por representantes de 155 governos em Budapeste na Conferência Mundial de Ciência da UNESCO de 1999 foi um documento pioneiro que esboçava uma visão clara para a ciência e a sociedade no século XXI. Definiu um papel e uma responsabilidade ampliados pela ciência em uma nova era da história da humanidade, na qual ciência e tecnologia são os principais impulsionadores da mudança social.

De fato, nos últimos 20 anos, vimos uma revolução em vários campos da pesquisa científica, juntamente com mudanças profundas e contínuas em nossas sociedades. Novas descobertas científicas em áreas como tecnologias da informação e comunicação, biologia sintética e edição de genes, inteligência artificial, big data e aprendizado de máquina aumentaram ainda mais o ritmo em que a ciência e a tecnologia afetam nosso ambiente e sociedade, com o potencial de entrincheirar em vez de reduzir desigualdades.

Desafios ambientais e sociais, incluindo demografia, mudança climática, poluição e segurança da água, levantaram novas expectativas para a ciência.

Globalmente, o investimento em pesquisa e desenvolvimento aumentou bastante e novos atores estatais e não estatais reformularam a ordem global estabelecida e impactaram a produção de conhecimento científico e a distribuição de investimentos e financiamento em ciências.

Em nossas sociedades transformadas pelo surgimento de novos canais de comunicação e mídias sociais, o conhecimento científico é cada vez mais desafiado no discurso público por opiniões e crenças baseadas em desconfiança, engajamento insuficiente, baixa alfabetização científica e comunicação ineficiente da ciência ao público e aos formuladores de políticas. Em um momento de aceleração da mudança global, é particularmente importante que os jovens de todas as sociedades tenham acesso à educação científica.

Recordamos a Declaração de Ciência de 1999 e o uso do Conhecimento Científico e reconhecemos a crescente importância da mensagem “Ciência para o Século XXI: Um Novo Compromisso”, como apresentado em suas recomendações.

Devemos garantir que a responsabilidade compartilhada por considerações éticas seja reconhecida como intrínseca à definição dos objetivos da investigação científica, à alocação de recursos e à condução, disseminação e aplicação de pesquisas. Isto deve aplicar-se em particular à educação e inclusão jovens e emergentes cientistas inovadores.

Promovemos uma cultura proativa de auto-regulação pelos cientistas.

Abraçamos o Princípio da Liberdade e Responsabilidade na Ciência (Principle of Freedom and Responsibility in Science) adotado pelas organizações membros do ISC, a Recomendação sobre Ciência e Pesquisadores Científicos (Recommendation on Science and Scientific Researchers) adotada pela UNESCO e a Declaração da AAAS sobre Liberdade e Responsabilidade Científica (Statement on Scientific Freedom and Responsibility) como documentos de referência para uma análise mais aprofundada.

Celebramos 20 anos de diálogo científico internacional desde a Conferência Mundial de Ciência de 1999 e 100 anos desde a criação do Conselho Internacional de Pesquisa, a primeira organização não governamental a promover a colaboração científica em escala global. Afirmamos nosso compromisso com a responsabilidade científica pelo bem público global por meio da consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. 

1. Ciência para o bem-estar global

O valor da ciência não pode ser medido apenas por sua contribuição para a prosperidade econômica. A ciência é um bem público global com a capacidade de contribuir para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar global.

Reconhecemos as responsabilidades dos cientistas de conduzir e aplicar a ciência com integridade, no interesse da humanidade, pelo bem-estar e com respeito aos direitos humanos.

Apelamos à reavaliação das políticas de ciência e financiamento, reconhecendo o valor da ciência como uma ferramenta para ultrapassar as fronteiras do conhecimento humano, promover o bem-estar universal, monitorar, analisar e responder aos desafios ambientais, sociais e econômicos e abordar as necessidades de capacidade dos países com atrasos científicos.

Adotamos a liberdade dos cientistas de planejar e conduzir pesquisas que podem não ser especificamente responsivas a quaisquer expectativas socioeconômicas ou ambientais imediatas. A boa ciência deve estar livre para voar quando a curiosidade é o fator determinante.

2. Fortalecimento dos padrões globais de integridade de pesquisa

No mundo da ciência globalizada, há uma necessidade crescente de harmonização e promoção da integridade da pesquisa, que inclui códigos de conduta comuns e sua aplicação. Isso deve se aplicar especialmente às áreas de ciência e pesquisa em rápido desenvolvimento realizadas por entidades transnacionais.

Apelamos à harmonização e aplicação dos padrões de conduta da pesquisa científica além-fronteiras e através da pesquisa pública e privada.

Reconhecemos que pesquisas dignas exigem mais do que mérito e impacto intelectuais; devem ser éticas, inclusivas e socialmente responsáveis.

Pedimos o estabelecimento de processos de autorregulação pelos quais os cientistas possam denunciar suspeitas de má conduta em pesquisa e outras práticas de pesquisa irresponsáveis, sem medo de represálias, e o estabelecimento de procedimentos para responder a essas alegações.

Apoiamos os esforços regionais e nacionais para promover os padrões globais de integridade da pesquisa e, em particular, comemoramos o surgimento do Fórum Mundial de Ciência 2017 da Carta de Ética da Ciência e Tecnologia na Região Árabe.

3. Cumprimento da liberdade acadêmica e do direito humano à ciência

Embora se reconheça que o princípio da liberdade acadêmica seja apoiado e promovido por organizações científicas em todo o mundo, há pouco consenso sobre as condições que possibilitam seu cumprimento. Em uma era em evolução em que a ciência depende cada vez mais da infraestrutura de pesquisa, do financiamento da pesquisa e das agendas políticas de cima para baixo, o conceito de liberdade acadêmica deve ser revisto.

A liberdade acadêmica deve operar em todos os pontos do processo de pesquisa. Ela deve abranger a autonomia de pesquisadores e instituições de pesquisa, acesso a dados e conhecimentos científicos revisados por pares sem barreiras sistêmicas, acesso a infraestrutura e financiamento de pesquisa e a liberdade de estabelecer agendas de pesquisa de baixo para cima em todos os campos da ciência, incluindo as ciências sociais e a liberdade de comunicar resultados científicos.

Reconhecemos que a liberdade científica só pode ser respeitada pela sociedade se for baseada em rígidos princípios éticos.

Apelamos à comunidade científica internacional para desenvolver novos padrões para o cumprimento da liberdade acadêmica e criar ferramentas para descrever, monitorar e medir suas condições integrais.

Reconhecemos a natureza vital das ciências básicas orientadas pela curiosidade. Saudamos a designação da UNESCO de 2022 como o Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento.

Reafirmamos nosso apoio aos direitos dos refugiados e de outros cientistas deslocados.

Reforçamos nosso compromisso de promover o direito à ciência para todos – incluindo aqueles sub-representados e mal atendidos pela ciência, como mulheres e minorias – como precursor essencial de sociedades sustentáveis e prósperas e de paz duradoura.

4. A responsabilidade e ética da comunicação da ciência

O ritmo das descobertas científicas acelerou, mas as barreiras à informação científica e aos benefícios da pesquisa permanecem. O aumento da complexidade e do volume de informações científicas requer novos métodos de validação de dados e divulgação de pesquisas. Embora a aplicação da inteligência artificial abra novos caminhos para o gerenciamento de pesquisas e dados científicos, também levanta preocupações sobre privacidade, controle e uso de dados pessoais. Tais desenvolvimentos alteram o cenário do acesso ao conhecimento e apresentam desafios na transição para novos modelos de publicação e na aplicação de novas estratégias de comunicação.

Reforçamos nosso compromisso com a ciência como um bem público global e apoiamos a ciência aberta e novos modelos de publicação que concedem acesso a publicações científicas.

Reconhecemos a importância de os cientistas se envolverem com o público sobre ciência, incluindo os riscos associados à sua conduta ou aplicação e o reconhecimento de outras interpretações da pesquisa.

Incentivamos os cientistas a promover a ciência cidadã e a promover a co-criação de conhecimento acionável.

Reconhecemos os imperativos para a tomada de decisão com base em evidências e uma interface mais forte entre ciência e política e, portanto, a necessidade de que os cientistas sejam treinados para comunicar seu trabalho aos tomadores de decisão e ao público em geral.

Reconhecemos o poderoso papel da mídia na comunicação de informações científicas e exigimos rigorosa verificação e análise de fatos nos relatórios. Pedimos uma reavaliação do relacionamento da ciência com a mídia, particularmente em vista de notícias e informações conflitantes ou enganosas, e o uso de equivalências falsas.

Encorajamos os cientistas a produzir, aplicar e comunicar a ciência e a conscientizar sobre os benefícios e as considerações éticas.

== Referência ==

DECLARATION OF THE 9th WORLD SCIENCE FORUM: Science Ethics and Responsibility. Text adopted on 23 November 2019, Budapest. Disponível em: https://worldscienceforum.org/contents/declaration-of-world-science-forum-2019-110073 Acesso em: 30 nov. 2019 (*tradução livre)

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Repositório Institucional da USP

A Biblioteca Digital da Produção Intelectual da Universidade de São Paulo (BDPI), inaugurada em 22 de outubro de 2012, é o Repositório institucional e oficial da produção intelectual (científica, artística, acadêmica e técnica) da USP, em consonância com a Política de Informação da Universidade definida na Resolução nº 6.444, de outubro de 2012. É um sistema de gestão e disseminação cujo objetivos são:

  • Aumentar a visibilidade, acessibilidade e difusão dos resultados da atividade acadêmica e de pesquisa da USP por meio da coleta, organização e preservação em longo prazo.
  • Facilitar a gestão e o acesso à informação sobre a produção intelectual da USP, por meio da oferta de indicadores confiáveis e validados.
  • Integrar-se a um conjunto de iniciativas nacionais e internacionais, por meio de padrões e protocolos de integração qualificados e normalizados.

Conforme previsto na Política de Informação mencionada, para a formação e desenvolvimento da memória da produção intelectual da USP, os docentes, servidores técnicos e administrativos, alunos e pós-doutorandos deverão depositar, na BDPI, o conteúdo integral de produtos de sua autoria, à medida em que forem publicados ou editados. Para tanto, há algumas diretrizes:

  • A inserção de conteúdos na BDPI é realizada pela equipe da Biblioteca da Unidade à qual o autor está ligado ou por importação de dados via máquina executada pela gerência da BDPI.
  • O depósito da produção intelectual poderá ser realizado de forma não exclusiva, mantendo os autores dos documentos todos os seus direitos, e respeitando a propriedade intelectual.
  • Artigos, trabalhos de evento, livros, capítulos de livro são alguns exemplos de documentos de produção intelectual que podem ser cadastrados e disponibilizados na Biblioteca da Produção Intelectual da Universidade de São Paulo.
  • O acesso aos documentos poderá ser aberto, embargado (por tempo limitado pelo contrato assinado pelo autor com a casa editorial), restrito para uso apenas pelos computadores da USP ou restrito completamente (nesse caso, o arquivo digital depositado servirá apenas para gestão e governança da produção).
  • Quando uma produção intelectual não estiver disponível em formato digital, os metadados deverão ser registrados na BDPI e um exemplar da produção deverá ser depositado na biblioteca de sua unidade funcional.

A Política de Informação USP se encontra devidamente cadastrada no Diretório Internacional de Políticas de Informação – ROARMAP, e a própria BDPI se encontra indexada no Diretório Internacional de Repositórios Institucionais Abertos, desde 2012. Seguindo outras iniciativas da USP, a BDPI busca incentivar, valorizar, estimular e promover a visibilidade e o acesso à produção intelectual da Universidade.

Nesse sentido, além do acesso à íntegra de documentos que estão disponíveis para acesso aberto na internet, a BDPI indica o caminho para o material mais antigo, que ainda não foi digitalizado. Os registros remontam ao ano em que se tornou obrigatório aos pesquisadores da USP o depósito de sua produção nas bibliotecas da Universidade. Todos os registros apresentam link para o texto completo, desde que o mesmo esteja disponível e acessível na Universidade.

Aspectos Técnicos

O Repositório da Produção Intelectual da USP se encontra alinhada às atuais normas e diretrizes nacionais e internacionais de repositórios visando garantir sua interoperabilidade com diversos sistemas, o compartilhamento e reaproveitamento de atividades e conteúdos entre eles.

A Repositório da Produção Intelectual da USP foi desenvolvida dentro da Universidade, pela equipe da atual Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica (antigo Sistema Integrado de Bibliotecas da USP), e customizada de acordo com as características da USP, com forte inspiração na Vufind, ferramenta aberta de busca para bibliotecas. Feita a partir de um software livre, a BDPI é totalmente compatível com o Google: para os nomes dos campos, foi utilizado um formato de metadados estruturados que este buscador utiliza, facilitando a indexação e recuperação por quem procura o conteúdo no Google.

A plataforma reúne informações a partir dos registros cadastrados no Dedalus (Banco de Dados Bibliográficos da USP) e na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, e enriquece esses registros coletando informações de outras fontes, desde o Currículo Lattes até bases internacionais como Web of Science, Scopus e Dimensions.

Sua arquitetura possibilita a entrada dos dados tanto manual como automaticamente, por meio de aplicativos especialmente desenvolvidos pela equipe interna da Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica (AGUIA), que gerencia os fluxos de informação em conjunto com as Bibliotecas da USP, desde o depósito do documento, a revisão dos metadados, a limpeza dos dados, finalizando com a publicação e mapeamento entre distintas coleções e comunidades.

Foi projetada para facilitar e promover a complementação de informações da produção USP com uso de outros recursos e conexões, como por exemplo, links diretamente a conteúdos relacionados aos trabalhos publicados pela USP quando oriundos de projetos de pesquisa financiados e devidamente indexados na Biblioteca Virtual FAPESP, indicadores de Fator de Impacto advindos da ferramenta SFX utilizada no Portal de Busca Integrada, dentre outras.

A partir de outubro de 2013, com o lançamento do Repositório da Produção Científica do Cruesp, a BDPI passa agora a trabalhar coordenada e cooperativamente com a Biblioteca Digital da Produção Intelectual e Científica da Unicamp e com o Repositório Institucional da Unesp. A integração entre todos eles é feita por meio do sistema de descoberta e entrega da ExLibris, Primo.

Desse modo, atualmente, está integrada com todas as demais bibliotecas digitais da USP, é alimentada diretamente pelo Portal de Revistas USP, recolhe dados do Portal Eaulas USP, se comunica com o Banco Catalográfico Dedalus e está indexada no Portal de Busca Integrada da USP compartilhando uma única interface de busca. Já está disponível a coleta internacional pelo protocolo OAI/PMH o que significa que paulatinamente está sendo indexada por metabuscadores, como por exemplo, o Google Acadêmico. Em pouco tempo, deverá estar alimentando diretamente o Anuário Estatístico da USP com os dados ali produzidos.

Contato: atendimento@aguia.usp.br

Produção Intelectual

Segundo conceito adotado na Universidade de São Paulo, o termo produção intelectual engloba tanto as produções científicas, acadêmicas, artísticas como as técnicas. Como exemplos de trabalhos produzidos nessas categorias tem-se:

  • Produção científica  texto científico que apresenta coerência, consistência, originalidade e objetividade. Podem ser artigos de revistas, trabalhos em congressos, livros, capítulos de livros e outros.
  • Produção acadêmica – produções derivadas de atividades de ensino produzidas tanto pelo corpo docente como discente; por exemplo, teses, dissertações, material de ensino e os diversos objetos educacionais de aprendizagem.
  • Produção artística – produção resultante de artes cênicas, música, artes visuais: obras artísticas, vídeos, roteiros, catálogos, curadoria, dentre outras.
  • Produção técnica – resultante das atividades técnicas desenvolvidas tanto no ensino como na pesquisa e extensão. São exemplos: softwares, produtos, processos técnicos, patentes, marcas, maquetes, projetos e relatórios de pesquisa.

Reúne versões pós-print e do editor de artigos originais, artigos de revisão, artigos de atualização, traduções, relatos de experiências, resenhas, ensaios, editoriais, cartas ao editor, debates, notas científicas e técnicas, depoimentos, entrevistas e pontos de vista.

Rodapé do site

Rua da Praça do Relógio, 109 – Bloco L – Térreo – 05.508-900 – Cidade Universitária, São Paulo, SP

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Iniciativas de Acesso Aberto na USP

Diversos projetos de pesquisa alinhados ao Movimento de Acesso Aberto institucionais estão sendo atualmente desenvolvidos na Universidade de São Paulo, dentre os quais se destacam:

  • Repositório da Produção da USP – A Biblioteca Digital da Produção Intelectual da Universidade de São Paulo (BDPI), inaugurada em 22 de outubro de 2012, é o Repositório institucional e oficial da produção intelectual (científica, artística, acadêmica e técnica) da USP, em consonância com a Política de Informação da Universidade definida na Resolução nº 6.444, de outubro de 2012. É um sistema de gestão e disseminação cujo objetivos são:
    • Aumentar a visibilidade, acessibilidade e difusão dos resultados da atividade acadêmica e de pesquisa da USP por meio da coleta, organização e preservação em longo prazo.
    • Facilitar a gestão e o acesso à informação sobre a produção intelectual da USP, por meio da oferta de indicadores confiáveis e validados.
    • Integrar-se a um conjunto de iniciativas nacionais e internacionais, por meio de padrões e protocolos de integração qualificados e normalizados.
  • Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP – desde o início contou com equipe multidisciplinar para desenvolvimento e implantação em parceria com o projeto  Networked Digital Library of Theses and Dissertations (NDLTD), a partir da customização do software de domínio público desenvolvido pela Virginia Tech (Virginia Polytechnic Institute and State University) para o gerenciamento e armazenamento de Teses e Dissertações Eletrônicas (TDE). O pacote foi adaptado ao contexto da USP, integrando-se com o sistema administrativo da Pós-Graduação e com o sistema DEDALUS (Banco de Dados Bibliográficos da USP, mantido Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica – AGUIA).
  • Portal de Revistas da USP – trata-se de uma biblioteca eletrônica que publica revistas produzidas pela Universidade de São Paulo credenciadas pelo Programa de Apoio às Publicações Científicas Periódicas da USP. O programa, iniciado em 1986, é gerenciado pela Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica – AGUIA.
  • Portal de Livros Abertos da USP – promove a reunião e divulgação dos livros digitais acadêmicos e científicos publicados em acesso aberto por docentes e/ou funcionários técnico-administrativos da Universidade de São Paulo.
  • Biblioteca Digital de Trabalhos Acadêmicos da USP – proporciona à sociedade em geral o acesso ao texto completo dos Trabalhos de Conclusão de Curso da Universidade. Inclui em seu acervo: Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização (MBA), Trabalho de Conclusão de Residência (TCR) da Universidade de São Paulo. A BDTA atende à Resolução CoCEx-CoG Nº 7497, de 09 de abril de 2018, que “Regulamenta a disponibilização de trabalhos de conclusão de curso ou outros trabalhos acadêmicos equivalentes na Biblioteca Digital de Trabalhos Acadêmicos da Universidade de São Paulo”.
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Declaração de Berlim sobre o Acesso Aberto

DECLARAÇÃO FINAL DA CONFERÊNCIA – 14ª Conferência de Acesso Aberto de Berlim

Participantes de 37 nações e cinco continentes , representando instituições de pesquisa e financiamento, bibliotecas e associações governamentais de ensino superior e conferências de reitores, associações de pesquisadores e outras iniciativas de acesso aberto reunidas na 14ª Conferência de Acesso Aberto de Berlim, realizada de 3 a 4 de dezembro de 2018 em Berlim. Afirmaram que existe um forte alinhamento entre as abordagens adotadas pelo OA2020 , pelo Plano S , pelo Jussieu Call e outros, para facilitar uma transição completa e completa para o acesso aberto. A declaração a seguir representa o forte consenso de todos os representados na reunião.

Todos estamos comprometidos com os autores que mantêm seus direitos autorais,
todos comprometidos com o acesso aberto completo e imediato,
todos estamos comprometidos em acelerar o progresso do acesso aberto por meio de acordos transformadores que são temporários e transitórios, com uma mudança para o acesso aberto completo dentro de um muito poucos anos. Esses acordos devem, pelo menos inicialmente, ser neutros em termos de custos, com a expectativa de que os ajustes econômicos sigam à medida que os mercados se transformarem.

Espera-se que os editores trabalhem com todos os membros da comunidade global de pesquisa para efetivar o acesso aberto completo e imediato de acordo com esta declaração.

Veja também o comunicado de imprensa da Max-Planck-Gesellschaft.

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Declaração de São Paulo sobre Acesso Aberto

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Os representantes da Plataforma Africana de Ciência Aberta , AmeLICA , COOTION S, OA2020 e SciELO – cinco das principais iniciativas mundiais de Acesso Aberto – se reuniram em 1º de maio de 2019 durante a reunião anual do Conselho Global de Pesquisa em São Paulo, Brasil. Eles estão unidos em sua missão comum de tornar o conhecimento disponível e acessível onde quer que possa ter o maior impacto e ajudar a resolver os desafios da humanidade, independentemente de onde foi produzido.

O efeito combinado das cinco iniciativas gerou um novo impulso na busca do acesso aberto universal, completo e imediato.

As cinco iniciativas afirmam conjuntamente que:

  • Eles consideram que o conhecimento acadêmico e científico é um bem público global. Quando gerado por fundos públicos, o livre acesso a ele é um direito universal.
  • Eles compartilham um objetivo final comum: fornecer acesso aberto universal, irrestrito e imediato a informações acadêmicas, incluindo o uso e reutilização por seres humanos e máquinas.
  • Eles compartilham a crença de que esse objetivo comum pode ser alcançado através de uma variedade de abordagens.
  • Eles buscarão pontos de alinhamento entre suas abordagens e maneiras de cooperar para alcançar o objetivo compartilhado.
  • Eles buscam um diálogo ativo com todas as partes interessadas, incluindo pesquisadores, financiadores de pesquisa, universidades, bibliotecas, editores, sociedades instruídas, governos e cidadãos para levar em conta a diversidade da comunidade acadêmica global.

Vamos tornar o Acesso Aberto uma realidade!

Download the São Paulo Statement.

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Lista de Editoras e Políticas de Arquivamento

ACM – Permite o depósito apenas da versão post-print (manuscrito aprovado) em Repositório Institucional do autor. Inclua sempre as seguintes informações: “© {Owner/Author | ACM} {Year}. This is the author’s version of the work. It is posted here for your personal use. Not for redistribution. The definitive Version of Record was published in {Source Publication}, http://dx.doi.org/10.1145/{number}.”

BioMed Central (BMC) – Permite que a versão final publicada (PDF do editor) seja depositada no Repositório Institucional imediatamente após a publicação pois os periódicos de acesso aberto da BMC são suportados pelo pagamento de uma taxa de processamento de artigos (APC). Gold Open Access.

BMJ – Para revistas de assinatura, é permitido o depósito apenas da versão post-print (manuscrito aprovado) em Repositório Institucional. Não há período de embargo. Inclua sempre as seguintes informações: “This article has been accepted for publication in [Journal, Year] following peer review, and the Version of Record can be accessed online at [insert full DOI eg. http://dx.doi.org/10.1136/xxxxx].” “© Authors (or their employer(s)) OR “© BMJ Publishing Group Ltd” ( for assignments of BMJ Case Reports) “ ” [Add where a funder mandates: “Reuse of this manuscript version (excluding any databases, tables, diagrams, photographs and other images or illustrative material included where a another copyright owner is identified) is permitted strictly pursuant to the terms of the Creative Commons Attribution-Non Commercial 4.0 International (CC-BY-NC 4.0)”.

Elsevier – Permite o depósito apenas da versão post-print (manuscrito aprovado) em Repositório Institucional, mas o acesso público só é permitido após período de embargo. Confira a lista de Revistas da Elsevier e respectivos períodos de embargo. Em todos os casos, os manuscritos aceitos (post-prints) devem: (a) ter um link para a publicação formal através do seu DOI;  (b) suportar uma licença CC-BY-NC-NDA versão post-print (manuscrito aceito) não pode ser melhorada/corrigida de alguma forma para parecer mais como, ou para substituir, o artigo de revista publicado. A versão post-print não pode ser usada para fins comerciais. Não permite o depósito do PDF final publicado da revista.

IEEE – Os autores podem publicar a versão do artigo aceito (manuscrito aprovado) para publicação em um periódico ou conferência do IEEE. O depósito do PDF final, conforme publicado pelo IEEE Xplore ®, continua a ser proibido, exceto para artigos de periódicos de acesso aberto suportados pelo pagamento de uma taxa de processamento de artigos (APC), cujos autores podem postar livremente a versão final. Em caso de dúvida, consulte a FAQ do IEEE.

IOP – Permite o depósito apenas da versão post-print (manuscrito aprovado) em Repositório Institucional, mas o acesso público só é permitido após período de embargo de 12 meses sob uma licença CC BY-NC-ND 3.0. Ou seja, permite o depósito de um manuscrito com disponibilidade pública atrasada, você pode depositar o manuscrito a qualquer momento após a aceitação, com a condição de que o manuscrito não seja disponibilizado publicamente até 12 (doze) meses após sua publicação na revista. Não permite o depósito do PDF final publicado da revista.

MDPI – Permite que a versão final publicada (PDF do editor) seja depositada no Repositório Institucional imediatamente após a publicação pois os periódicos de acesso aberto da MDPI são suportados pelo pagamento de uma taxa de processamento de artigos (APC). Gold Open Access.

PNAS – Para artigos de acesso aberto enviados a partir de setembro de 2017, os autores mantêm os direitos autorais, mas concedem ao PNAS uma Licença de Publicação exclusiva. Os autores e sua instituição ou empresa empregadora mantêm amplos direitos pelo uso de seus materiais após a publicação no PNAS e pela propriedade intelectual. Esses direitos são mantidos sem a necessidade de permissão explícita do PNAS, desde que citada a referência completa da revista e, para artigos publicados em 90-105 (1993–2008), “Copyright (ano dos direitos autorais) National Academy of Sciences.” Os usuários podem visualizar, reproduzir ou armazenar o conteúdo das revistas, desde que as informações sejam apenas para uso pessoal e não comercial.

Sage – Permite o depósito apenas da versão post-print (manuscrito aprovado) em Repositório Institucional mas o acesso público só é permitido após embargo de 12 meses. Ou seja, permite o depósito de um manuscrito com disponibilidade pública atrasada, você pode depositar o manuscrito a qualquer momento após a aceitação, com a condição de que o manuscrito não seja disponibilizado publicamente até 12 (doze) meses após sua publicação na revista. Não permite o depósito do PDF final publicado da revista. Inclua sempre as seguintes informações: Author(s), Article Title, Journal Title (Journal Volume Number and Issue Number) pp. xx-xx. Copyright © [year] (Copyright Holder). DOI: [DOI number].

Springer – Permite apenas o depósito da versão post-print (manuscrito aprovado) em Repositório Institucional, mas o acesso público ao documento só é permitido após 12 (doze) meses de embargo. Na versão depositada, deve constar a informação This is a post-peer-review, pre-copyedit version of an article published in [insert journal title]. The final authenticated version is available online at: http://dx.doi.org/[insert DOI]”.

SpringerOpen – Permite que a versão final publicada (PDF do editor) seja depositada no Repositório Institucional imediatamente após a publicação pois os periódicos de acesso aberto da SpringerOpen são suportados pelo pagamento de uma taxa de processamento de artigos (APC). Gold Open Access.

Taylor & Francis – Permite apenas o depósito da versão post-print (manuscrito aprovado) em Repositório Institucional após período de embargo. Confira a Lista de Revistas Taylor & Francis e respectivos períodos de embargo.

Wiley – Permite apenas o depósito da versão post-print (manuscrito aprovado) em Repositório Institucional, mas o acesso público só é permitido após período de embargo que varia de 12 a 24 meses. Para revistas científicas, técnicas, médicas e de psicologia (STM), o período padrão de embargo é de 12 (doze) meses e  para revistas de ciências sociais e humanas (SSH), o período padrão de embargo é de 24 (doze) meses após a publicação do artigo final. Na versão depositada deve constar a seguinte frase na primeira página: “This is the peer reviewed version of the following article: [FULL CITE], which has been published in final form at [Link to final article using the DOI]. This article may be used for non-commercial purposes in accordance with Wiley Terms and Conditions for Use of Self-Archived Versions.”

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Gravação do Workshop de Acesso Aberto USP para Equipes de Bibliotecas da USP – 2019

Confira a gravação do Workshop sobre Acesso Aberto para Equipes de Bibliotecas da USP, realizado hoje (10 de junho de 2019) no Auditório do IEA/USP. Link: https://www.youtube.com/watch?v=ndLLiAKe3e8 

workshop-para-equipes-de-biblioteca-2019

O objetivo geral do Workshop foi compartilhar e atualizar informações sobre o Acesso Aberto aos colaboradores das Bibliotecas do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (SIBiUSP)

Workshop sobre Acesso Aberto para Equipes de Bibliotecas da USP
Data: 10 de junho de 2019
Horário: 10h – 12h
Local: Auditório do IEA (Antiga Sala do CO)
Rua da Praça do Relógio, 109 – Térreo – Bloco L
05508-050 – São Paulo – SP

Público-alvo: equipes das Bibliotecas do SIBiUSP

Ministrantes: Elisabeth Dudziak e Waldo de Oliveira (DT/SIBiUSP)

== Programação ==

O que é acesso aberto
Portaria de acesso aberto da Fapesp
Seleção de revistas para publicação
Políticas de arquivamento das revistas
Atendimento ao usuário – Autor

Perguntas e sugestões

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Novo relatório do ISI – Web of Science sobre o Plano S levanta questões para a comunidade de pesquisa

Um novo relatório sobre o Plano S [1] do Institute for Scientific Information (ISI), usando dados da Web of Science, coloca uma série de questões para a comunidade de pesquisa, incluindo financiadores, editores e instituições. Este é o segundo relatório da série Global Research do recentemente relançado ISI.

O relatório intitulado “A pegada do Plano S: implicações para o panorama da publicação acadêmica” (em inglês “The Plan S footprint: Implications for the scholarly publishing landscape“) [1] examina os padrões recentes de publicações financiadas pelos apoiadores do Plano S, explorando potenciais impactos sobre os próprios financiadores, áreas de pesquisa, países, editoras e revistas. Esta matéria é uma tradução livre do relatório e apresenta os principais resultados.

O relatório fornece informações para análise e debate sobre uma transição no sistema de pesquisa. O Plano S, lançado pela Science Europe em 4 de setembro de 2018, destina-se a aumentar o acesso aberto (OA) a dados e resultados de pesquisa produzidos com financiamento público por pesquisadores. Vinte agências financiadoras aderiram ao Plano S em dezembro de 2018. Espera-se que o acesso aberto acelere a descoberta e a inovação científica. O Plano S requer que os resultados da pesquisa financiada por organizações signatárias seja publicada em repositórios abertos ou em periódicos onde todos os artigos são acessíveis ao público em acesso aberto. Este relatório analisa padrões recentes de documentos financiados por apoiadores do Plano S usando perspectivas relacionadas aos financiadores, países, editores e periódicos.

Jonathan Adams, diretor do Institute for Scientific Information, disse: “Nosso relatório, baseado em dados de periódicos tirados do Web of Science Core Collection, procura fornecer uma análise de fundo imparcial e baseada em dados para informar o debate sobre uma mudança potencialmente transformadora na política de pesquisa. O relatório levanta uma série de questões para consideração por financiadores, editores e instituições ao explorar possíveis maneiras de implementar o Plano S.”

O relatório coloca as seguintes questões, que são apoiadas por dados:

  • Algumas áreas de pesquisa têm muito poucos periódicos que estão atualmente em conformidade com o Plan S. Sem uma transição cuidadosamente estruturada para permitir o surgimento de novos títulos, existe o risco de restrições incomuns e disjunções nas oportunidades de publicação em assuntos afetados?
  • As citações não são uma métrica definidora de qualidade, mas a reestruturação da disseminação de artigos bem citados pode ter conseqüências contingenciais não planejadas?
  • Como a mudança para o Gold Open Access e as APCs associadas pode ser gerenciada de forma eqüitativa para proteger as posições de pesquisadores não financiados nas economias do G20 e de uma disseminação mais ampla de autores em regiões emergentes de pesquisa?
  • As grandes editoras, com diversos títulos estáveis, serão influentes nas discussões, mas há muitas pequenas editoras, incluindo aquelas ligadas a sociedades acadêmicas, que publicam uma parte importante da produção financiada pelo Plano S em séries centrais de sua disciplina. A transição será mais difícil para eles e, em caso afirmativo, isso pode ser gerenciado de forma eficaz, mas flexível?

O conjunto de dados do relatório é composto por registros de publicações retirados dos mais de 20.000 periódicos da Coleção Principal do Web of Science. Esses registros foram filtrados para o conteúdo publicado em 2017 e os documentos incluem artigos e resenhas. Anais (proceedings) não são identificados como um tipo de documento nas propostas do Plano S.

Os registros de documentos no Web of Science contêm “agradecimentos”, que incluem fontes de financiamento. Estes foram utilizados para identificar documentos patrocinados por organizações financiadoras relacionadas ao Plano S, por referência cruzada a uma lista de variantes financiadoras com curadoria manual. Isso permitiu uma ampla captura de documentos que seriam afetados pelos mandatos do Plano S. Não foi possível identificar o financiamento do Plano S em alguns casos e também alguns documentos não foram incluídos por falta de dados ou variações obscuras de nomes de autores. Os financiadores do Plano S respondem por cerca de 6% dos artigos indexados na Web of Science. Eles estão concentrados em cerca de 10.000 dos 20.000 periódicos indexados. Os registros financiados pelo Plano S, portanto, representam uma estimativa mínima dos trabalhos do Plano S publicados e indexados na Web of Science. Confira alguns resultados a seguir.

Financiadores
Alguns financiadores de pesquisa já endossaram as propostas do Plano S para ampliar o acesso aberto. A pesquisa que eles apoiam representa cerca de 6,4% dos artigos publicados e indexados na base Web of Science em 2017; a União Europeia financiou cerca de metade disto. Embora a conformidade com o acesso aberto já seja substancial, a proporção varia de acordo com o financiador.

Áreas de pesquisa
Os mandatos existentes em áreas de pesquisa bem financiadas pelas organizações do Plano S levaram ao cumprimento relativamente alto do acesso aberto. Outras áreas de pesquisa como Ciências Sociais, recebem relativamente menos financiamento do Plano S e têm menor conformidade. Áreas de pesquisa significativamente desafiadoras considerando o Plano S são aquelas que atualmente demonstram baixa adequação ao acesso aberto. Revistas atualmente em conformidade com o plano S não estão distribuídas uniformemente nas distintas áreas de pesquisa.

Frequência de citação
Em 2017, a contagem de citações das publicações de pesquisas financiadas pelo Plano S é maior, em média são mais frequentemente citados que outros papers, e isso é verdade em todas as áreas de pesquisa.

Países
Sob o Plano S, alguns países europeus publicariam mais de 40% de seus resultados em acesso aberto. Isso pode chegar a 50% onde o financiador nacional também é um apoiador do Plano S.

Cerca de 19% dos documentos europeus gerados em colaboração a partir de financiamentos internacionais europeus são apoiados pelos financiadores do Plano S e, portanto, envolvem pesquisadores não participantes do Plano S. Os Estados Unidos são (em termos absolutos) o segundo maior produtor de artigos que reconhecem o financiamento do Plano S e uma alta proporção dos resultados de algumas instituições é suportado pelo Plano S. Mas o governo dos EUA ainda tem que endossar o plano.

Publishers
No panorama dos dados dos editores, é possível desenhar um cenário diverso entre as 200 maiores casas publicadoras, que coletivamente publicam 95% dos documentos reconhecidos pelos financiadores do Plano S. Existem aqueles que não são fortemente afetados; outros pouco afetados; alguns (incluindo grandes casas publicadoras) afetados significativamente; e os editores de acesso aberto que estão bem posicionados. Casas menores, incluindo algumas sociedades acadêmicas, apresentam situações diversas e não estão prontamente categorizadas.

Revistas
Os resultados financiados pelo Plano S perfazem menos de 7% dos periódicos globais, mas eles são bem citados, publicados em periódicos de alto impacto e, muitas vezes, em revistas de grandes editoras. Eles influenciarão o panorama editorial. Cerca de 90.000 documentos publicados do Plan S em periódicos híbridos precisam ser “realojados” se os periódicos não mudarem integramente para o acesso aberto. Existem poucas revistas híbridas com um percentual médio a alto de acesso aberto que podem mudar prontamente. Isso implica em decisões empresariais desafiadoras. Alguns dos principais periódicos multidisciplinares contêm até um terço de seu conteúdo publicado relacionado ao Plano S, mas não são compatíveis com o Plano S. Os periódicos de sociedades têm um papel central na comunicação em seu campo de pesquisa, mas nem sempre são de acesso aberto. A realocação dos títulos para o acesso aberto representaria 29% do movimento global no volume de artigos mais bem citados em relação aos já existentes, o que pode ser perturbador em algumas áreas de pesquisa.

No caso dos três principais periódicos interdisciplinares (Nature, Science e PNAS), o número e a porcentagem de artigos publicados em 2017, que reconheceu um financiador do Plano S está demonstrado na tabela a seguir.

Recursos
O custo da publicação mudará, de ex post, pago pelo leitor ou por sua biblioteca, normalmente através de uma taxa de assinatura, para tornar-se ex ante, uma obrigação do autor ou de seu financiador, para pagar as taxas de publicação do artigo (APC). Isso exigiria um redirecionamento de cerca de € 150 milhões. Esses custos de pesquisa recairão sobre os financiadores. Não se sabe se os recursos estão disponíveis para apoiar todos os autores afetados. Hoje, a taxa cobrada pelos editores pela publicação de artigos em acesso aberto varia mas, em média, fica £ 2.401 em um periódico híbrido e £ 1.943 em um periódico listado no DOAJ (conforme relatado pelo Wellcome Trust).

Considerações finais

Já se passaram mais de 15 anos desde a publicação das Declarações de Budapeste (2003), Berlim e Bethesda (2004). Desde então, houve uma expansão significativa da publicação em acesso aberto e uma conscientização geral da importância do apoio a políticas de pesquisa aberta. Há também o reconhecimento de que nem todas as disciplinas estão prontas para o acesso aberto diante da atual estrutura de financiamento e a disponibilidade de revistas. De qualquer modo, representa uma mudança que, para ser implantada, necessita amplo diálogo entre os atores envolvidos.

== REFERÊNCIA ==

[1] QUADERI, Nandita ; HARDCASTLE, James; PETROU, Christos; SZOMSZOR, Martin. The Plan S footprint: Implications for the scholarly publishing landscape. Disponível em: https://clarivate.com/g/plan-s-footprint/ Acesso em: 15 março 2019.

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Workshop Ciência Aberta e a Gestão de Dados de Pesquisa: Iniciativas USP e FAPESP

A Biblioteca do Instituto de Matemática e Estatística e o Sistema Integrado de Bibliotecas da USP têm a honra de convidá-lo(a) para o “Workshop Ciência Aberta e a Gestão de Dados de Pesquisa: Iniciativas USP e FAPESP” a ser realizado no Instituto de Matemática e Estatística.

A Ciência Aberta é um movimento internacional de prática científica que valoriza a disponibilização das informações científicas e com isso propicia a ampla comunicação e difusão das pesquisas à sociedade. O objetivo do evento é promover o debate sobre gestão, compartilhamento e abertura de dados para pesquisa, como forma de estimular a colaboração entre pesquisadores e também a evolução do conhecimento científico.

A gestão de dados de pesquisa e os repositórios asseguram que conjuntos de dados produzidos por pesquisadores individuais ou grupos de pesquisa possam ser compartilhados e também reaproveitados em outras pesquisas, com transparência e reprodutibilidade.

Portanto, aproveite a oportunidade para saber mais e debater sobre esse assunto tão atual e importante assistindo as palestras dos conceituados professores e pesquisadores Dr. Roberto Marcondes Cesar Junior e Dra. Fátima L. S. Nunes, com a mediação da Chefe Técnica da Divisão de Gestão de Desenvolvimento e Inovação do SIBiUSP, Dra. Elisabeth Adriana Dudziak. 

Data: 03 de abril de 2019
Horário: 14h30 – 16h30
Local: Auditório Jacy Monteiro – Térreo
Instituto de Matemática e Estatística
Rua do Matão, 1010 – Cidade Universitária – Butantã
05508-090 – São Paulo – SP
O evento é gratuito e aberto a todos os interessados. Serão emitidos certificados de participação. 
Slides da palestra da Professora Fatima Nunes (EACH/USP) já estão disponíveis. 

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Para mover a pesquisa de quantidade para qualidade, vá além das boas intenções

O cientista-chefe australiano Alan Finkel pede ações formais para melhorar as práticas de pesquisa. Esta é uma tradução livre da matéria publicada na revista Nature de 19 de fevereiro de 2019 [1]. 

Em 1969, eu cabulei a escola para assistir a aterrissagem da Lua em casa. Cinquenta anos depois, luto para pensar em um evento que justificaria a evasão hoje. Não é por falta de avanços impressionantes em pesquisa, mas sim pela frequência deles: se as crianças negligenciassem sua escola toda vez que a televisão relatasse outro marco científico que minha geração dificilmente ousaria contemplar, elas acabariam sem nenhuma educação.

No entanto, há um crescente rumor de preocupação com o rigor e a reprodutibilidade das pesquisas publicadas. Problemas de análise excessiva e currículos inchados são bem conhecidos. Incentivos financeiros e de carreira mantêm os pesquisadores em uma esteira, produzindo papers.

Não podemos saber quantos dos cerca de 1,6 milhão de documentos adicionados ao banco de dados da Web of Science são defeituosos, mas podemos concordar que nosso foco tem que mudar de quantidade para qualidade se quisermos nos proteger contra o trabalho de má qualidade. 

Como?

Como cientista-chefe da Austrália, sou encarregado de aconselhar nossos funcionários do governo e defender a melhor ciência nacional e global. No final do ano passado, organizei uma mesa redonda de alto nível em Canberra para discutir as abordagens que foram julgadas e como as melhores delas poderiam ser convertidas em compromissos. Reunimos mais de uma dúzia de vice-reitores, chefes de agências de financiamento, vice-reitores, cientistas-chefes, pesquisadores seniores e especialistas em publicações, inclusive Philip Campbell, ex-editor-chefe da Nature. Nós falamos honestamente sobre tópicos difíceis.

Eu saí com várias idéias sobre como saltar das boas intenções para uma pesquisa melhor.

Mais do que tudo, devemos abandonar a suposição de que um sistema de aprendizado passivo funciona. Tive a sorte de aprender com um grande cientista, o neurocientista Steve Redman, da Universidade Nacional da Austrália, em Canberra. Ele nos jogava em águas profundas para nos ensinar a nadar. Mas dificilmente nos afogávamos. Ficamos imersos em um ambiente em que os trabalhos demoravam e as perguntas e a autorreflexão eram encorajadas. Redman deu-me margem de manobra e introduções para obter os conhecimentos de que eu precisava, incentivando-me a fazer cursos de graduação, passar semanas no laboratório de um colega e aprender o essencial com os técnicos. Naquela “piscina”, desenvolvi uma profunda compreensão do que significa ser cientista, sem nenhum treinamento especializado do sistema científico.

As instituições devem fornecer instruções explícitas em integridade de pesquisa, gerenciamento de dados e expectativas profissionais.

Não é assim hoje. Não podemos mais confiar em um modelo que pressupõe tempo e recursos que nossos mentores não possuem. As instituições devem fornecer instruções explícitas em integridade de pesquisa, gerenciamento de dados e expectativas profissionais. A formação já é obrigatória em algumas jurisdições e aplicações. Por exemplo, nos Estados Unidos, bolsas de treinamento geralmente exigem cursos de conduta responsável em pesquisa. As pessoas que trabalham com animais na Austrália devem completar um curso de manejo de animais. No entanto, todo esse treinamento varia amplamente em qualidade e é frequentemente visto como um exercício pro forma. Para garantir que o treinamento seja um tempo bem gasto, os programas devem ser acreditados, práticos e respeitados.

As instituições também devem ser obrigadas a treinar supervisores de PhD em orientação e em papéis de líderes na criação de uma cultura de pesquisa saudávelAlém disso, os supervisores e mentores devem ser julgados não pela contagem, mas por declarações de impacto sobre os projetos e progressão na carreira de pelo menos dois estudantes de doutorado; idealmente, pelo menos uma mulher e um homem. Não conheço instituições que atualmente exijam tal prática.

Em seguida, as instituições devem atender aos crescentes pedidos para abandonar a contagem de papers e métricas similares para avaliar os pesquisadores. Uma abordagem alternativa, a Regra dos Cinco, demonstra um compromisso claro com a qualidade: os candidatos apresentam seus cinco melhores artigos nos últimos cinco anos, acompanhados de uma descrição da pesquisa, seu impacto e sua contribuição individual. Os números exatos são imateriais: o que importa é o foco na qualidade. Um punhado de instituições exigiu que os revisores considerassem contribuições individuais em vez de listas de publicações, e a mudança não foi fácil. Os revisores devem ser orientados em relação índices-H e listas de citações dos indivíduos pesquisados no Google , por exemplo. Perseverança e auto-reflexão são essenciais.

Os financiadores devem assumir a liderança para impulsionar essas mudanças. Apenas os candidatos que concluíram um programa de treinamento de integridade credenciado devem ser elegíveis para subsídios. Agências como o Conselho Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da Austrália já adotaram a Regra de Cinco para alguns programas. Eles devem ir além e garantir que as avaliações dêem importância à contribuição de um candidato para práticas profissionais – como orientação e revisão por pares.

As revistas precisam passar de distribuidores de conhecimento para guardiãs do conhecimento. Guardiões não publicam e esquecem.

As revistas precisam passar de distribuidores de conhecimento para guardiãs do conhecimento. Guardiões não publicam e esquecem. Eles garantem que os dados permaneçam acessíveis e priorizam as preocupações sobre a qualidade da pesquisa. Isso inclui investigações imediatas quando se suspeita que a pesquisa publicada é falha. Um artigo retratado não deve desaparecer. Deve ser claramente marcado como ‘RETRACTED’ nos sites dos periódicos e alguns esforços devem ser feitos para notificar os leitores e citadores sobre o assunto. Essas normas foram codificadas pelo Comitê de Ética da Publicação e pelo Center for Open Science. A adoção dessas normas ficam restritas aos editores e, como resultado, as retratações se propagam incessantemente. Análises descobriram que muitos artigos recebem mais citações após a retratação do que antes.

As pessoas respondem aos incentivos. A mudança virá apenas quando os financiamentos e promoções estiverem condicionados às melhores práticas. Se isso não acontecer, ainda estaremos falando sobre esse assunto durante os próximos desembarques na Lua.

[1] FINKEL, Alan. To move research from quantity to quality, go beyond good intentions. Nature 566, 297 (2019) Disponível em: https://doi.org/10.1038/d41586-019-00613-z Acesso em: 5 março 2019.

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