Dentre as recomendações do Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso Aberto à Informação Científica, entende-se que é imprescindível que as bibliotecas passem a:
Dentre as recomendações do Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso Aberto à Informação Científica, entende-se que é imprescindível que as editoras comerciais de publicações científicas:
1. concordem em que os trabalhos por elas publicados com autoria de pesquisadores que obtiveram recursos públicos para pesquisa tenham cópia depositada em repositório de acesso livre;
2. tenham disponível uma versão eletrônica, em ambiente de acesso livre, das publicações impressas por elas editadas, cuja autoria seja de pesquisadores que obtiveram recursos públicos para pesquisa.
Dentre as recomendações do Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso Aberto à Informação Científica, espera-se que as Agências de Fomento entendam que necessitam:
1. reconhecer a publicação científica em repositórios de acesso livre para efeito de avaliação da produção científica dos pesquisadores e de concessão de auxílio e financiamento para pesquisa;
2. recomendar aos pesquisadores a quem concedem auxílio financeiro para pesquisa que depositem cópia dos resultados publicados em repositório de acesso livre e/ou que os publiquem prioritariamente em periódicos eletrônicos de acesso livre;
3. recomendar aos pesquisadores a quem concedem auxílio financeiro para participação em eventos que depositem cópia do trabalho em repositório de acesso livre;
4. promover e apoiar a construção e manutenção de repositórios institucionais e temáticos;
5. apoiar, prioritariamente, a edição de publicações científicas eletrônicas de acesso livre;
6. adotar a regra de que toda publicação científica financiada com recursos públicos tenha uma versão disponível eletronicamente em ambiente de acesso livre.
Dentre as recomendações do Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso Aberto à Informação Científica, solicita-se que as Instituições de Ensino Superior (IES) se comprometam a:
1. criar repositórios institucionais e temáticos, observando o paradigma do acesso livre;
2. requerer que os pesquisadores depositem cópia de todos os trabalhos publicados em pelo menos um repositório de acesso livre;
3. encorajar os pesquisadores a publicar os resultados de pesquisa em periódicos de acesso livre. Devendo, ainda, prover o apoio necessário para que isso ocorra;
4. reconhecer a publicação em ambiente de acesso livre para efeito de avaliação e progressão acadêmica;
5. manter disponíveis, em ambiente de acesso livre, os periódicos editados pela instituição ou órgãos subordinados.
Do ponto de vista do financiamento da comunicação científica como um todo, o Acesso Aberto (OA) certamente é mais econômico e eficiente que o sistema atual, que tem margens de lucro exageradas. A chamada Crise das Revistas Científicas, os aumentos desenfreados e os altos preços que as bibliotecas pagam pelas assinaturas de revistas científicas é fenômeno bem documentado.
Os custos da publicação em relação ao financiamento total da pesquisa científica podem ser estimados em torno de 1% ou 2%, mesmo com todas as ineficiências do atual sistema (estimativa feita para uma pesquisa na área biomédica realizada pelo Wellcome Trust, citado pelo PloS). Não há razão alguma para que publicações do tipo Acesso Aberto sejam mais dispendiosas. Pelo contrário, revistas de Acesso Aberto e repositórios institucionais são inovadores no uso de tecnologias da internet e web para publicação da literatura científica, diminuindo os custos em comparação ao sistema tradicional.
Em 2004, o Wellcome Trust publicou relatório indicando que os custos de publicações OA podem ser 30% mais baixos que das publicações tradicionais.
No âmbito da pesquisa individual, certamente é necessário gerir a transição para o novo modelo com cuidado. Desde que os custos de publicação são grosso modo proporcionais ao tamanho da pesquisa realizada, faz sentido incorporar a pequena quantidade necessária para publicação aos projetos de pesquisa, em vez de esses custos serem financiados pelo via de regra exíguo orçamento das bibliotecas. Outra possibilidade é financiar a publicação por meio de órgãos de fomento, como é, por exemplo, o Scielo.
De qualquer maneira, os cuidados com a transição não podem obscurecer as vantagens do OA: a comunidade científica vai pagar menos por um produto (a disseminação dos resultados da pesquisa) melhor.
[Adaptado de Myth 1: The cost of providing Open Access will reduce the availability of funding for research]
Carta de São Paulo: Declaração de apoio ao acesso aberto à literatura científica – 2005
Nós, professores, pesquisadores, bibliotecários, alunos, cidadãos e representantes de organizações da sociedade civil, vimos através desse documento manifestar nosso apoio ao acesso aberto à literatura científica.
Os indivíduos e organizações que firmam esse documento reconhecem os importantes papéis desempenhados por autores, editores, publishers, bibliotecas e instituições no registro e na disseminação da pesquisa. Reconhecem particularmente a defesa dos direitos autorais de atribuição e integridade da obra.
Por acesso aberto, entendemos a disposição livre, gratuita e sem barreiras ou restrições financeiras e técnicas, de literatura científica através da Internet ou na forma impressa, permitindo que a mesma possa ser lida, impressa, copiada e distribuída sem fins comerciais. Entendemos que o único limite para a reprodução e distribuição deve ser o direito do autor sobre a integridade e crédito de sua obra, assim como a citação adequada.
Por literatura de acesso aberto, entendemos artigos e ensaios publicados em revistas, livros e manuscritos inéditos que possam legalmente ser difundidos na rede ou na forma impressa que os autores desejem disponibilizar em busca de comentários ou para chamar a atenção de resultados obtidos em sua pesquisa.
Considerando que os acadêmicos costumam publicar seus trabalhos em livros e revistas científicas sem fins lucrativos e motivados pela difusão do conhecimento ou para o fomento do debate e da crítica; que os meios eletrônicos possibilitam uma ampla e livre difusão da literatura acadêmica; que o papel de mediação das editoras na comunidade científica assume um novo caráter com a disseminação do uso da Internet; e que o acesso a textos científicos é fundamental para a boa qualidade da pesquisa e do processo de produção do conhecimento, reconhecemos que:
i) O amplo acesso a uma vasta e variada literatura gerada pela pesquisa científica é essencial para a compreensão do mundo, para a preservação do ambiente natural que sustenta nossa vida e para o avanço cultural e científico da sociedade;
ii) em uma era em que a disseminação global dos resultados publicados de pesquisas científicas é realizada cada vez mais por meios eletrônicos, é inaceitável que existam barreiras comerciais para a difusão de obras, em especial aquelas produzidas com financiamento público;
iii) o compartilhamento do conhecimento é algo positivo e que deve ser estimulado, pois alimenta as redes de criação e inovação e ajuda a promover pesquisas de melhor qualidade;
iv) o acesso aberto à literatura acadêmica através da rede possibilita um intercâmbio muito mais rico de informações e conhecimento entre pessoas do mundo todo; ademais, fortalece a formação de redes e a integração das comunidades lingüísticas ou em torno dos diferentes campos científicos;
v) O acesso aberto à literatura científica pode contribuir à informação, criatividade, inovação e conhecimento indispensáveis para a formação de um público instruído, proporcionando também maiores oportunidades econômicas, culturais e sociais;
vi) a disponibilidade eletrônica diminui os custos de publicação, aumenta enormemente o acesso e permite otimizar o tempo gasto para o acesso, potencializando o trabalho de pesquisa; o acesso aberto à literatura científica por meios eletrônicos ou físicos proporciona um melhor aproveitamento dos investimentos públicos em pesquisa, resultando em significativos benefícios para a ciência, à economia e a sociedade.
vii) a superação das barreiras de acesso à literatura científica estimula a pesquisa, enriquece a educação e transforma a literatura em um bem útil e comum, contribuindo para a superação das desigualdades de acesso ao conhecimento por razões econômicas.
viii) o acesso aberto permite publicizar o que está sendo produzido na universidade, reforçando sua função de servir à sociedade ao promover o conhecimento científico e a difusão cultural.
ix) o acesso aberto à literatura científica garante um bom funcionamento do sistema de comunicação acadêmica assegurando que os resultados de pesquisa estejam disponíveis, a despeito das barreiras geográficas e financeiras, para o irrestrito exame e, quando pertinente, para a refutação.
x) o conhecimento e a documentação de pesquisa constituem bens comuns públicos que não devem ser regidos nem determinados pelas dinâmicas de mercado, senão que resguardados por políticas públicas de desenvolvimento, bem-estar e defesa do patrimônio cultural e científico da sociedade, de modo a buscar a garantia do acesso público por parte de todos os setores da população.
xi) as restrições indevidas ao acesso ao conhecimento podem diminuir a qualidade e a eficiência da pesquisa científica e da inovação. Nesse sentido os impactos financeiros são mínimos quando comparados com os benefícios públicos.
Para assegurar o acesso aberto à literatura e a documentação científica, recomendamos:
i) que em benefício público, as revistas acadêmicas disponibilizem, de forma gratuita, integral e sob nenhum tipo de restrição técnica, seus conteúdos através da Internet e permitam a reprodução reprográfica para fins não comerciais quando publicadas apenas em meios impressos;
ii) que as pesquisas realizadas em universidades públicas tenham seus resultados livremente disponibilizados;
iii) que as agências de fomento adotem políticas de incentivo para a disponibilização digital de obras produzidas por seus professores ou pesquisadores financiados com recursos públicos, assim como assegurem, na forma da lei, o direito à cópia dos resultados de pesquisa para fins científicos e educativos.
iv) que as agências de fomento adotem critérios de avaliação que privilegiem pesquisas cujos resultados estarão disponíveis sob os princípios do acesso aberto;
v) que as instituições promovam o acesso aberto a publicações científicas e o auto-arquivo dos trabalhos de seus docentes e pesquisadores;
vi) que sejam criados repositórios institucionais para permitir que os acadêmicos tenham onde disponibilizar seus trabalhos em suas próprias instituições; que as instituições, digitalizem e, se necessário, ensinem professores e pesquisadores a arquivar seus trabalhos para livre acesso do público;
vii) que as editoras universitárias disponibilizem meios e facilitem o acesso aberto através de meios eletrônicos a obras científicas para cientistas, pesquisadores e público em geral;
viii) que se fortaleçam as instituições públicas como bibliotecas, arquivos, museus, coleções culturais e outros pontos de acesso comunitário para promover a preservação de documentos e o acesso livre ao conhecimento;
ix) que as publicações digitais sejam adequadamente avaliadas, considerando a existência de comissão editorial, revisão por pares e demais critérios atualmente utilizados para as publicações cujo suporte é o papel;
x) que sejam estabelecidas políticas de incentivo para a criação de publicações digitais de acesso aberto; que sejam utilizados, para as publicações existentes, fundos de ajuda a periódicos para digitalizar edições anteriores, propiciando acesso aberto às mesmas;
xi) que o reconhecimento e a defesa dos direitos autorais, em especial dos direitos de atribuição e a integridade da obra, sejam feitos através de mecanismos legais que garantam o acesso livre e aberto e uma ampla difusão da mesma;
xii) que as fundações, agências de fomento à pesquisa e universidades apóiem grupos de cientistas e pesquisadores em áreas e disciplinas particulares que estão tentando promover o acesso aberto à literatura científica;
xiii) que seja facilitada a passagem ao domínio público de toda a literatura acadêmica e documentos de pesquisa após a expiração do copyright determinado pela lei;
xiv) que os pesquisadores publiquem em periódicos e revistas comprometidos com o acesso aberto; que essa seja a condição para serem editores ou pareceristas de um periódico.
xv) que, caso precise publicar num periódico com políticas restritivas de acesso, o autor peça para reter os direitos de cópia de seu trabalho; se isso não for possível, que garanta pelo menos o direito de arquivar seu trabalho em um repositório digital.
xvi) que as editoras busquem novas alternativas e modelos de publicação para a promoção de seus negócios de modo a não afetar o acesso à literatura acadêmica.
Em benefício da comunidade científica, do desenvolvimento social e do interesse público, fazemos um apelo a todas as instituições, associações profissionais, governos, bibliotecas, editores, fundações, entidades acadêmicas, cientistas, gestores educativos, pesquisadores e cidadãos para que observem esses princípios e que ajudem a ampliar o acesso à literatura acadêmica, auxiliando na eliminação das barreiras econômicas, comerciais e culturais existentes.
São Paulo, 02 de dezembro de 2005.
Assinam o documento:
Prof. Dr. Jorge Alberto S. Machado – Gestão de Políticas Públicas – EACH/USP e Movimento Acesso Aberto Brasil
Prof. Dr. Pablo Ortellado – Gestão de Políticas Públicas – EACH/USP e Movimento Acesso Aberto Brasil
Profa. Dra. Gisele Craveiro -Sistemas de Informação – EACH/USP e Movimento Acesso Aberto Brasil
Profa. Dra. Vivian Urquidi – Gestão de Políticas Públicas – EACH/USP e Movimento Acesso Aberto Brasil
Prof. Dr. Carlos Brito – Marketing – EACH/USP
Prof. Dr. Carlo Romani – CEBRAP
Profa. Dra. – Christiana Freitas -NESUB / UnB
Prof. Dr. Esteban Fernandez Tuesta – Sistemas de Informação – EACH/USP
Prof. Dr. Giovanni Alves – Sociologia – UNESP/Marília
Profa. Dra. Gislene dos Santos – Gestão de Políticas Públicas – EACH/USP
Prof. Dr. Jorge Beloqui – IME/USP
Prof. Dr. José Álvaro Moisés – Dep. de Ciência Política – FFLCH/USP
Prof. Dr. José Renato de Campos Araújo – Gestão de Políticas Públicas – EACH/USP
Profa. Dra. Heloisa Pontes- Departamento de Antropologia – UNICAMP
Profa. Dra. Ingrid Sarti – UFRJ/SBPC
Prof. Dr. Luiz Menna-Barreto – Gerontologia – EACH/USP
Profa. Dra. Maíra Baumgarten – Ciências Sociais /UFRGS/FURGS
Profa. Dra. Maria Elena Infante-Malachias – Ciências da Natureza – EACH/USP
Profa. Dra. Maria Lucia Maciel – PPGCP/IFCS/UFRJ
Profa. Dra. Maria Luiza Heilborn – Instituto de Medicina Social da UERJ
Profa. Dra. Mariana Ciavatta Pantoja – UFAC
Prof. Dr. Marcos Cesar Alvarez – Dep. de Sociologia – FFLCH /USP
Profa. Dra. Martha Celia Ramírez – Cebrap e PAGU/Unicamp
Prof. Dr. Michelangelo Trigueiro – Dep. Sociologia /UNB
Profa. Dra. Monica Yassuda – Gerontologia – EACH/USP
Profa. Dra. Pollyana Notargiacomo Mustaro – Universidad Mackenzie
Prof. Dr. Richard Miskolci – Dep. de Ciências Sociais – UFSCar
Prof. Dr. Sérgio Amadeu
Prof. Dr. Simon Schwartzman – Diretor-Presidente, Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade
Prof. Dr. Thomas Haddad – Ciências da Natureza – EACH/USP
Prof. Thiago Tavares Nunes de Oliveira – Dep. de Direito Público – UCSal / Proj. Software Livre Bahia / Proj. Ciência Livre
Sociedade civil e pesquisadores:
João Cassino – Rede de Usuários de Tecnologias Abertas (OTUN)
Ricardo Dantas, mestrando em antropologia na UFF
Rogério Campos – Editor (Editora Conrad)
Para adesões, escrever para info@acessoaberto.org
[Extraido de http://www.acessoaberto.org/carta_de_sao_paulo_acesso_aberto.htm e disponibilizado aqui com uma licença Creative Commons by-nc-nd]
Todo podem participar e contribuir para o fortalecimento do Movimento Acesso Aberto.
Um dos primeiros passos é incentivar governo, universidades, agências de fomento e editores a criar medidas e projetos que visem ao acesso livre. Pesquisadores, docentes, alunos também devem ser encorajados a consultar e divulgar os trabalhos nos repositórios institucionais e revistas científicas e eletrônicas de acesso livre.
Uma questão importante para os autores é sempre que possível solicitar a retenção dos direitos de cópia do trabalho. Ou pelo menos a licença para publicar o artigo em repositório de acesso livre.
Como ajudar
[A partir da tradução e adaptação de Jorge Alberto S. Machado de documento original em inglês do Budapest Open Access Initiative]
Para ajudá-lo a entender as recomendações mais abaixo, considere dois princípios básicos:
Que tipo de literatura? O objetivo é que toda literatura acadêmica seja livremente acessível online, de modo que o acadêmico ou cidadão tanto possa desfrutar, como oferecer o acesso sem a expectativa de pagamento. Isto abrange artigos de periódicos revisados por pares, como também inclui qualquer material pré-impressão ainda não revisado que o autor deseje disponibilizar online para ser comentado ou divulgar os resultados de sua pesquisa. Acessível de que forma? Por “acesso aberto” à literatura, entendemos a disposição livre e pública na internet, de forma a permitir a qualquer usuário a leitura, download, cópia, distribuição, impressão, busca ou o link com o conteúdo completo de artigos, bem como a indexação ou o uso para qualquer outro propósito legal, sem barreiras financeiras, legais e técnicas outras que não aquelas necessárias para a conexão da Internet. O único constrangimento para a reprodução, distribuição, bem como os direitos de cópia e seu domínio deve ser o controle do autor sobre a integridade de seu trabalho e o direito de sua propriedade intelectual e citação.
Você também pode ajudar o Movimento Acesso Aberto assinando a Budapest Open Access Initiative.
Como ajudar?
Cientistas, estudiosos e pesquisadores
I. Autoarquivamento
II. Periódicos e revistas de acesso aberto
III. Outras Medidas
Universidades e centros de pesquisas
I. Autoarquivamento
II. Periódicos e revistas de acesso aberto
III. Outras Medidas
Bibliotecas
I. Autoarquivamento
II. Periódicos e revistas de acesso aberto
III. Outras Medidas
Periódicos e editores
I. Autoarquivamento
II. Periódicos e revistas de acesso aberto
III. Outras Medidas
Fundações e agências de fomento à pesquisa
I. Autoarquivamento
II. Periódicos e revistas de acesso aberto
III. Outras Medidas
Associações profissionais e entidades de classe
I. Autoarquivamento
II. Periódicos e revistas de acesso aberto
III. Outras Medidas
Governos
I. Autoarquivamento
II. Periódicos e revistas de acesso aberto
III. Outras Medidas
Cidadãos
III. Outras Medidas