A Ciência Aberta para a Implementação da Agenda 2030 da ONU

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Histórico: A primeira Conferência de Ciência Aberta foi organizada pela Biblioteca Dag Hammarskjöld da ONU em colaboração com a Scholarly Publishing and Academic Resources Coalition (SPARC) e realizada em 19 de novembro de 2019 na sede da ONU, em Nova York. O tema da conferência: “Rumo à ciência aberta global: facilitador essencial da agenda das Nações Unidas para 2030” (do original em inglês: Towards Global Open Science: Core Enabler of the UN 2030 Agenda) [1] teve o objetivo de incrementar a discussão sobre ciência e pesquisa abertas em âmbito mundial e o papel da mesma no avanço da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. Esta é uma tradução livre da matéria [2].

A conferência reuniu representantes de iniciativas de Ciência Aberta de todo o mundo (OpenAIRE, Hindawi, LA Referencia, SciELO, AfricanLII e outros), pesquisadores iniciantes, diretores de bibliotecas e formuladores de políticas.

Bastidores: Nessa ocasião, Thanos Giannakopoulos, chefe da Biblioteca Dag Hammarskjöld da ONU, convidou os palestrantes da Conferência para uma mesa redonda fechada que ocorreu na tarde de 18 de novembro de 2019. A discussão teve como tema “Rumo à Ciência Mundial” e foi moderada pelo professor Jean-Claude Guédon, visando ao compartilhamento das diferentes visões e perspectivas das regiões dos representantes, conexão de infraestruturas e processos, identificação de oportunidades de colaboração global, bem como discussão sobre o progresso atual no campo da Ciência Aberta e o papel central na implementação da Agenda 2030 da ONU.

A Europa foi representada por Jean Claude Burgelman, enviado de acesso aberto da Comunidade Europeia (política), Natalia Manola da OpenAIRE (infraestrutura) e Wolfram Horstmann da LIBER (comunidade).

Os Resultados: Os participantes chegaram a um consenso sobre as seguintes visões:

I Ciência Aberta (Open Science) é um acelerador dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

II A ciência financiada publicamente deve ser Ciência Aberta.

III Ainda não estamos no caminho para alcançar os ODS. Assim, devemos trabalhar colaborativamente em direção aos objetivos da humanidade estabelecidos nos ODS.

IV A importância do Acesso Aberto (OA) é uma das principais conclusões do Relatório Global de Desenvolvimento Sustentável de 2019.

V A Ciência Aberta deve ser inclusiva. Pesquisa relevante e importante não é o mesmo que a pesquisa altamente citada e popular.

VI Os incentivos à pesquisa devem estar alinhados com a transparência a serviço dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) visando ao bem da humanidade.

VII A Ciência Aberta requer a abertura de barreiras do conjunto de processos inter-relacionados de pesquisa científica. As bibliotecas são agentes e curadores naturais de informações/dados no conjunto de processos da Ciência Aberta e seu papel é essencial.

Por que é Importante: Os participantes (o grupo) estabeleceram os princípios para um Roteiro para a Science Commons [3], que deve ser adotado posteriormente por todas as iniciativas ao redor do mundo.

1 Não pode haver uma Science Commons sem uma Ciência Aberta. Uma Science Commons pode ser vista como uma estrutura organizada em torno de princípios, valores universais e a arquitetura da pesquisa aberta.

Os princípios devem ser aplicados a todos os cientistas que recebem financiamento público para a pesquisa onde quer que estejam. Os resultados da pesquisa global com financiamento público devem estar:

– universalmente disponíveis (sem senha e não vendidos como um serviço assinado);

– o mais abertos quanto possível e fechados quando se fizer necessário;

– tão distribuídos quanto possível, tão centralizados quanto necessário;

– FAIR (localizáveis, acessíveis, interoperáveis e reutilizáveis);

A Ciência Aberta deve ser guiada por valores universais:

– inclusão e respeito pela diversidade;

– prática equitativa de reciprocidade e complementaridade;

– benefícios universalmente compartilhados; e

– oportunidades de educação científica e participação social.

Para alcançar uma Science Commons, devemos repensar as relações estruturais entre financiadores, academias e instituições. Os financiadores tendem a garantir um maior nível de liberdade em suas intervenções; eles têm os fundos, avaliam todos e eles mesmos não são classificados.

2 Uma Science Commons é o elo que interliga plataformas, políticas, tecnologias e infraestruturas sociais, todas as camadas críticas da Ciência Aberta, cada uma das quais necessária, mas nenhuma é suficiente sozinha. Todos têm um papel único a ser desempenhado no ecossistema da Ciência Aberta: o objetivo é romper as barreiras à pesquisa científica e otimizar seus processos.

3 Uma Science Commons deve adotar uma abordagem baseada em evidências para garantir o progresso na Ciência Aberta, em que avaliação, monitoramento e métricas atuam de modo distinto, mas desempenham diferentes papeis, exigindo dados/informações quantitativas e qualitativas.

4 Uma Science Commons pode começar com o fornecimento de Science para e sobre os ODS. No mínimo, essa Science Commons inclui a disponibilidade e acessibilidade global e aberta às: publicações científicas:

– os dados produzidos mundialmente pelo sistema de ciência pública e metadados relacionados;

– códigos utilizados para entender os dados e os fluxos de trabalho que descrevem etapas de pesquisa e transformações de dados; e

– softwares de pesquisa, algoritmos e ferramentas para reutilização.

5 Certos riscos para uma Science Commons devem ser identificados, como algumas formas de publicação de OA que se mostram contra os valores básicos da equidade e podem reforçar a injustiça cognitiva, o domínio epistêmico e as desigualdades sistêmicas (diferença de acesso, exposição a preferências específicas de idioma).

Outras perspectivas relevantes se formaram na discussão sobre uma Science Commons:

a. A ciência aberta completa está progredindo; diferentes comunidades regionais estão construindo plataformas o que equivale a criar uma organização natural da produção científica em toda a sua variedade
b. A ciência tende a redefinir bordas e bordas; um Science Commons atrapalha os limites entre “dentro” e “fora”; trata-se de criar vínculos bidirecionais e interações entre atores
c. A ONU deve apoiar a Open Science para alcançar os ODS e seus outros objetivos estratégicos
d. A “última milha” é um problema muito interessante para se concentrar: como devemos trazer a mais ampla comunidade de pesquisadores a bordo? Quais são as formas de incentivar o compartilhamento aberto de ciência e acelerar o progresso para alcançar os ODS?

Moderador:

Jean-Claude Guédon, Retired Professor, Université de Montréal, Canada

Participantes:

Dr. Alperin Juan Pablo, Assistant Professor, Publishing Program; Associate Director of Research, Public Knowledge Project, Simon Fraser University, Canada
 Ms. Badeva-Bright Mariya, Co-founder and Coordinator, African Legal Information Institute (AfricanLII)
 Ms. Bonini Astra, Senior Sustainable Development Officer, Policy and Analysis Branch (PAB), UN Department of Economic and Social Affairs
 Dr. Bourg Chris, Director of Libraries, Massachusetts Institute of Technology, United States of America
 Mr. Burgelman Jean-Claude, Open Access Envoy, European Commission
 Mr. Cabezas Alberto, Executive Secretary, LA Referencia
 Dr. Cetto Ana María, Founder and President, Latindex
 Mr. Giannakopoulos Thanos, Chief Librarian, UN Dag Hammarskjöld Library
 Dr. Hikihara Takashi, Professor, Kyoto University; Chairperson, Expert Panel on Promoting Open Science, Cabinet Office, Government of Japan
 Dr. Horstmann Wolfram, Special Advisor, Association of European Research Libraries (LIBER), Director, Göttingen State and University Library, Germany
 Ms. Joseph Heather, Executive Director, SPARC
 Ms. Kohrs Ramona, Librarian, UN Dag Hammarskjöld Library
 Dr. MacCallum Catriona, Director of Open Science, Hindawi Ltd
 Dr. McKiernan Erin, Assistant Professor, Biomedical Physics, Department of Physics, National Autonomous University of Mexico
 Ms. Manola Natalia , Managing Director, OpenAIRE
 Dr. Nichols Lisa, Assistant Director for Academic Engagement, Office of Science and Technology Policy, Executive Office of the President, United States of America
 Mr. Packer Abel, Co-Founder, SciELO; Programme Director, SciELO / FAPESP
 Mr. Shockey Nick, Director of Programs & Engagement, SPARC; Director, Right to Research Coalition
 Ms. Tise Ellen, Former President, International Federation of Library Associations & institutions (IFLA), Senior Director, Library and Information Services, Stellenbosch University, South Africa

== Referência ==

EUROPEAN UNION. Horizon 2020 Research. OpenAIRE. Open Science for the implementation of the UN 2030 Agenda. Disponível em: https://www.openaire.eu/open-science-for-un2030-agenda Acesso em: 10 Feb 2020.

== Notas ==

[1] Vídeos e Slides das Apresentações da Conferência:
– Vídeo  – Part 1: Towards Global Open Science, Core Enabler of the UN 2030 Agenda
-Vídeo – Part 2: Towards Global Open Science, Core Enabler of the UN 2030 Agenda
Slides das Apresentações: http://research.un.org/conferences/media

[2] Tradução: Edijanailde Costa Ribeiro (AGUIA). Revisão: Margareth Artur (AGUIA)

[3] Não encontramos uma tradução para a expressão Science Commons. Então, optamos por mantê-la no idioma original.

=========

Opening keynotes

Panel One: Policy Makers

Panel Two: Open Science and Library Infrastructures

Panel Three: Open Science Initiatives: Advancing Inclusive Globalization of Research and Scholarly Communications

Panel Four: OpenCon Early Career Panel: Openness, Equity, and the Sustainable Development Goals: Developing Systems for Research and Education that Serve the World

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Encontro sobre difusão científica será realizado na USP no dia 9 de março

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O impacto social da Ciência é hoje um elemento essencial à avaliação da qualidade da pesquisa realizada nas Universidades. Movimentos como o acesso aberto e ciência aberta promovem a visibilidade da produção gerada. Porém, estabelecer uma comunicação significativa com a sociedade, incluindo os pesquisadores, é primordial. Em tempos de mídias sociais, hiperinformação e injustiças cognitivas, a difusão científica sobressai como instrumento de compreensão e apropriação social da Ciência.

O objetivo do Encontro “Difusão Científica: visibilidade e impacto da Ciência” é discutir o papel dos profissionais da informação na visibilidade, disseminação, divulgação e acesso à produção científica, acadêmica, técnica e artística das Universidades.

Encontro sobre Difusão Científica: visibilidade e impacto da Ciência
Data: 09 de março de 2020
Horário: 9h30 – 12h30
Local: Auditório do Instituto de Estudos Avançados da USP
Rua da Praça do Relógio, 109 – Térreo
05508-050 – São Paulo – SP
Inscriçõeshttps://doity.com.br/difusao-e-impacto-da-ciencia

== Programa ==

9h30 – 10h00 | Credenciamento e café de boas vindas
10h00 – 10h10 | Abertura do Encontro | Jackson Cioni Bittencourt | Presidente da AGUIA
10h10 – 10h30 | Difusão Científica: visibilidade e impacto da Ciência e a atuação do bibliotecário | Elisabeth Dudziak | Bibliotecária da Coordenadoria da AGUIA
10h30 – 11h00 | Divulgação da Ciência e o papel da SCS USP | Luiz Roberto Serrano | Superintendente de Comunicação Social USP
11h00 – 11h30 | Fapesp e a difusão da Ciência | Claudia Izique | Coordenadora de Comunicação da Fapesp
11h30 – 12h00 | Uso das Licenças Creative Commons na divulgação científica | Mariana Giorgetti Valente – Internetlab – Creative Commons

O evento integra as atividades da Semana do Bibliotecário 2020 na USP.

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Declaração de Sorbonne sobre direitos de dados de pesquisa

As principais redes mundiais de universidades intensivas em pesquisa estão comprometidas em abrir dados de pesquisa e exigir uma estrutura e recursos legais.

Cúpula Internacional de Direitos de Dados de Pesquisa foi realizada na Universidade Sorbonne na segunda-feira, 27 de janeiro de 2020. Essa iniciativa reuniu nove grandes redes de universidades de pesquisa intensiva das principais regiões do mundo. Foi uma oportunidade de assinar a “Declaração de Sorbonne” sobre os direitos dos dados de pesquisa. Este texto é uma tradução livre e afirma a disposição das universidades de compartilhar seus dados, ao mesmo tempo em que pede firmemente aos governos que adotem uma estrutura legal clara para regular esse compartilhamento e fornecer os meios para implementá-lo.

Co-organizada pela Universidade de Sorbonne, pela Universidade de Amsterdã (UvA) e pela University College London (UCL), essa cúpula de dados é sem precedentes em sua escala: nove redes representando mais de 160 das principais universidades intensivas em pesquisa do mundo. A assinatura da “Declaração de Sorbonne” é uma mensagem ambiciosa para a comunidade científica internacional e para os órgãos de financiamento e governos. Este documento-quadro, destinado a promover o compartilhamento e o uso adequado dos dados, solicita às comunidades de pesquisa públicas e privadas que se juntem a esse compromisso. Também confronta governos e financiadores de pesquisas com suas responsabilidades de fornecer às universidades os meios financeiros e a estrutura legal apropriada para a abertura de dados.

Esta é uma questão essencial para a qualidade e transparência da pesquisa. É também uma questão econômica crucial: financiada em grande parte com dinheiro público, os dados de pesquisa representam dezenas de bilhões de euros em todo o mundo. O objetivo é, portanto, tornar esses dados acessíveis, a fim de acelerar descobertas científicas e desenvolvimento econômico. Por exemplo, na Europa, de acordo com um relatório da PwC [1] produzido para a Comissão Europeia, o compartilhamento e o melhor gerenciamento de dados de pesquisa economizariam 10,2 bilhões de euros por ano na Europa, com um potencial adicional de 16 bilhões de euros de valor agregado pela inovação gerado.

Os participantes estão conduzindo essa mudança, propondo soluções concretas para restaurar a confiança na pesquisa pública e acelerar o desenvolvimento do conhecimento e da economia.

Declaração da Sorbonne sobre direitos de dados de pesquisa * 

A Declaração da Sorbonne sobre direitos de dados de pesquisa baseia-se nos seguintes princípios:

• O conhecimento derivado da pesquisa beneficia a sociedade.
• O valor dos dados da pesquisa reside em sua integridade, sobre a qual o público confia que o novo conhecimento é fundamentado.
• Fornecer acesso e compartilhar dados abertamente permite o desenvolvimento de novo
conhecimento, acelera descobertas em benefício do desenvolvimento da sociedade e da economia
• Os dados da pesquisa devem, tanto quanto possível, ser compartilhados abertamente e reutilizados, sem comprometer a segurança nacional, autonomia institucional, privacidade, direitos indígenas e a proteção da propriedade intelectual.
• A comunidade acadêmica é essencial para identificar as condições complexas de compartilhamento e reutilização.

Nós, redes de universidades de pesquisa, nos comprometemos a:

• Incentivar nossas universidades e seus pesquisadores a compartilhar dados o máximo possível.
• Apoiar nossas universidades e seus pesquisadores a tornar seus dados localizáveis,
acessíveis, interoperáveis e reutilizáveis (FAIR).
• Promover a curadoria e o compartilhamento de dados, e o desenvolvimento de planos de gestão de dados como parte padrão do processo de pesquisa.
• Engajar instituições no desenvolvimento do reconhecimento apropriado para pesquisadores que criam seus dados no AIR e os compartilham com licenças apropriadas de dados abertos.
• Advogar que esses princípios sejam integrados às políticas institucionais de dados de pesquisa.
• Incentivar nossas universidades a estabelecer programas de treinamento e desenvolvimento de habilidades que criam um ambiente para promover o gerenciamento de dados de pesquisa aberta.

Apelamos à comunidade acadêmica e de pesquisa global para se juntar a nós na:
• Construção de um ambiente que suporte o compartilhamento global de dados de pesquisa, com base nos princípios acima mencionados.
• Construção de instrumentos interoperáveis e repositórios de dados apropriados para compartilhar dados de pesquisa, tanto quanto possível.
• Garantia de que as publicações revisadas por pares sejam embasadas em conjuntos de dados FAIR necessários, pois os resultados de pesquisa devem ser acessíveis, verificáveis e replicáveis.

Para cumprir esses compromissos, pedimos que:

• As agências financiadoras considerem o gerenciamento de dados de pesquisa como uma
atividade de financiamento e aumentem o financiamento da pesquisa para refletir o custo total de disponibilizar dados de pesquisa.
• Governos nacionais forneçam recursos para permitir a as atividades de curadoria e compartilhamento de dados a serem desenvolvidas e sustentadas.
• As jurisdições nacionais desenvolvam políticas e orientações consistentes que incorporem os princípios mencionados acima e forneçam uma estrutura precisa para apoiar sua implementação por universidades e instituições de pesquisa.
• Tais leis, políticas e orientações evitam um efeito de “bloqueio” de plataformas comerciais e serviços de dados para garantir a abertura e a reutilização dos dados de pesquisa.

Faça o download da Declaração de Sorbonne original em inglês

Os signatários:Association of American Universities (AAU):  Fundada em 1900, a Association of American Universities é composta pelas 65 principais universidades de pesquisa da América. https://www.aau.edu/

Aliança Africana de Universidades de Pesquisa (ARUA): A  ARUA foi inaugurada em Dakar em março de 2015, reunindo dezesseis das principais universidades de pesquisa da região. http://arua.org.za/

Coordenação de universidades francesas intensivas em pesquisa (CURIF):  O CURIF reúne as principais universidades francesas em termos de pesquisa (18 membros). http://www.curif.org/en/

U15 alemão:  O U15 alemão representa 15 universidades líderes em pesquisa, entre as instituições mais distintas e visíveis internacionalmente no sistema acadêmico alemão. https://www.german-u15.de/

Liga das Universidades Europeias de Pesquisa (LERU) :  Liga das Universidades Europeias de Pesquisa > span class = “st”>  ( LERU )  é uma rede de 23 universidades europeias líderes que ultrapassam as fronteiras da pesquisa inovadora. https://www.leru.org/

RU11 Japão: O  RU11 é um consórcio estabelecido em novembro de 2009, composto por 11 das principais universidades de pesquisa do Japão, altamente ativas na comunidade acadêmica internacional. http://www.ru11.jp/eng/

Grupo Russell:  O Grupo Russell representa 24 universidades britânicas líderes em pesquisas intensivas. https://russellgroup.ac.uk/

Grupo dos Oito (Go8):  O Grupo dos Oito (Go8) é uma coalizão das principais universidades intensivas em pesquisa do mundo, com sede na Austrália. https://go8.edu.au/

Grupo U15 de universidades canadenses de pesquisa:  O Grupo U15 de universidades canadenses de pesquisa é um coletivo de algumas das universidades mais intensivas em pesquisa do Canadá. http://u15.ca/

[1]  Custo da falta de dados de pesquisa FAIR , PwC EU Services, março de 2018.

Tradução livre de Elisabeth Dudziak 

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Situação do Acesso Aberto: editores, disciplinas e evolução do impacto

Há um crescente interesse em relação ao acesso aberto – Open Access (OA) na literatura acadêmica. Porém, há uma carência de estudos em larga escala, atualizados e reprodutíveis, avaliando a prevalência e as características do OA.   

Estudo de julho de 2018 intitulado “O estado da OA: uma análise em larga escala da prevalência e impacto de artigos em acesso aberto” (em inglês The state of OA: a large-scale analysis of the prevalence and impact of Open Access articles) [1] busca sanar essa necessidade e responder duas questões:

  1. Que porcentagem da literatura acadêmica é OA e como essa porcentagem varia de acordo com o editor, a disciplina e o ano de publicação?
  2. Os documentos da OA são mais citados do que aqueles de acesso por assinatura?

Um dos pontos de destaque é o oaDOI, um serviço online aberto que determina o status de OA para 67 milhões de artigos. O oaDOI retorna um link para uma versão OA legalmente disponível do artigo, quando um estiver disponível ( https://oadoi.org/ ). Ele contém registros para todos os 88 milhões de DOIs Crossref. 3 O serviço oaDOI rastreia, agrega, normaliza e verifica dados de várias fontes, incluindo PMC ( https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/ ), BASE ( https://www.base-search.net / about / pt / ), DOAJ ( https://doaj.org/) e milhares de repositórios e editores institucionais. O sistema oaDOI oferece uma API rápida e gratuita que suporta uma variedade de outros serviços e ferramentas.

No artigo, Open Access(OA) foi definido como livre para ler on-line, no site do editor ou em um repositório de OA ; todos os artigos que não atendem a essa definição foram definidos como fechados, resultando em um sistema de classificação de cinco categorias para artigos:

  • Ouro : publicado em uma revista de acesso aberto indexada pelo DOAJ.
  • Verde : acesso gratuito na página do editor, mas há uma cópia gratuita em um repositório OA.
  • Híbrido : gratuito sob uma licença aberta em um periódico de assinatura.
  • Bronze : livre para ler na página do editor, mas sem uma licença claramente identificável.
  • Fechado : todos os outros artigos, incluindo aqueles compartilhados apenas em um ASN ou no Sci-Hub.

Os pesquisadores utilizaram três amostras (populações), cada uma com 100.000 artigos, para investigar o OA em três grupos:

(1) todos os DOIs Crossref atribuídos a artigos de periódicos,

(2) artigos recentes de periódicos indexados no Web of Science e

(3) artigos visualizados por usuários do Unpaywall, uma extensão de navegador de código aberto que permite aos usuários encontrar artigos em OA usando oaDOI.

== Resultados ==

Qual é o percentual de publicações em acesso aberto?

Pelo menos 28% da literatura acadêmica está em acesso aberto (19M no total) e essa proporção esteja crescendo, impulsionada principalmente pelo crescimento das modalidades de acesso aberto em ouro e híbrido.

Notavelmente, o mecanismo mais comum para o OA não é o ouro, o verde ou o híbrido, mas uma categoria pouco discutida denominada Bronze: artigos tornados gratuitos para leitura no site do editor, sem uma licença explícita de Open Access. Também examinaram o impacto da citação de artigos em OA, corroborando a chamada vantagem de citação de acesso aberto: considerando idade e disciplina, os artigos em OA recebem 18% mais citações que a média, um efeito impulsionado principalmente pelo OA verde e híbrido.

Como o acesso aberto varia de acordo com a Editora?

Foi analisado um subconjunto da amostra Crossref-DOIs por editor (conforme listado no registro de metadados Crossref) para entender como a extensão e os tipos de OA são comuns entre os editores em publicações recentes (entre 2009 e 2015). Como podemos ver na Figura abaixo, os maiores editores em volume publicam a maioria dos artigos de OA em volume, liderados por Elsevier, enquanto PLOS e Hindawi se distinguem como os únicos editores entre os 20 primeiros com 100% de OA. Mais da metade dos trabalhos publicados pela Oxford University Press, Nature Publishing Group, IOP Publishing e American American Society (APS) estão disponíveis gratuitamente online.

Como o acesso aberto varia entre as disciplinas?

Foi utilizada a amostra WoS-DOIs para examinar as diferenças de prevalência de OA por disciplina, devido à fácil disponibilidade de metadados de disciplina na Base Web of Science (WoS). A Figura a seguir mostra os resultados.

Mais da metade das publicações estão disponíveis gratuitamente em pesquisa biomédica e matemática, enquanto em química, engenharia e tecnologia menos de 20% dos trabalhos estão disponíveis gratuitamente. A Figura acima também destaca a popularidade do OA Verde em disciplinas como física e matemática, onde mais de um quinto dos trabalhos estão disponíveis apenas em repositórios online (principalmente o arXiv). Os artigos híbridos são particularmente prevalentes em matemática (9,4%), pesquisa biomédica (8,1%) e medicina clínica (6,3%), enquanto autores em pesquisa biomédica (15,3%), saúde (11,7%), matemática (11,2%) e medicina clínica (10,3%) costumam publicar em periódicos Ouro.

Grandes variações também podem ser observadas no nível mais detalhado das especialidades da NSF (Fig. SA5). Em mais de 80% dos artigos em AO, astronomia e astrofísica (87%), fertilidade (86%), medicina tropical (84%) e embriologia (83%) foram as especialidades em que o acesso à literatura era mais aberto. No outro extremo do espectro estão as farmácias (7%), a química inorgânica e nuclear (7%) e a engenharia química (9%), onde as publicações estavam escondidas atrás de uma barreira para mais de 90% dos artigos. Mais detalhes sobre essas e outras especialidades da NSF podem ser vistos na Fig. SA1 

Quais são as licenças de acesso aberto mais comuns?

Apenas 14,8% dos artigos em acesso aberto possuíam a informação de licença Creative Commons. Quando uma licença foi encontrada, em mais da metade dos casos era CC-BY, uma tendência que aumenta levemente a cada ano de publicação, como mostra a Figura a seguir.

Qual é o impacto acadêmico do acesso aberto?

Os artigos de OA recebem 18% mais citações que a média, um efeito impulsionado principalmente pelo OA verde e híbrido.

Comparando o impacto médio da citação relativa de diferentes categorias de acesso, a média de citações é corroborada: os documentos escondidos atrás de um paywall foram citados 10% abaixo da média relativa de citações (MRC = 0,90) mundial, enquanto os que estão disponíveis gratuitamente obtêm, em média, 18% mais citações do que o que é esperado (MRC = 1,18).

No entanto, o impacto da citação difere entre as diferentes maneiras em que os documentos são disponibilizados gratuitamente: aqueles que estão disponíveis apenas como OA Verde (MRC = 1,33) e OA Híbrido (MRC = 1,31) são os mais citados, com um impacto superior a 30% acima das expectativas, os disponíveis como Bronze são citados 22% acima da média mundial, enquanto os artigos publicados como Ouro OA obtêm um MRC de 0,83. Isso constitui um impacto médio de citação relativa de 17% abaixo da média mundial e 9% abaixo do de artigos ocultos atrás de um paywall. A Figura abaixo descreve esses achados.

Essas tendências variam com o tempo, no entanto, como mostra a Figura abaixo. Embora a média relativa de citações (MRC) de documentos de acesso fechado tenha permanecido  abaixo da média mundial durante o período estudado, aumentou de 0,86 em 2009 para 0,93 em 2014 e 2015. Enquanto isso, ao examinar todos os tipos abertos, a taxa média de citação está consistentemente acima da média mundial, flutuando entre 1,15 e 1,22. 

Essa flutuação é guiada por diferenças entre os tipos de acesso, com o impacto dos artigos do tipo Híbrido OA aumentando ao longo do período. Enquanto a taxa média de citação dos documentos da OA Verde permanece relativamente estável, o maior impacto, para 2015, foi obtido em artigos do tipo Bronze OA e Híbrido OA.

Discussão e conclusão 

O acesso à literatura acadêmica está no centro dos debates atuais na comunidade de pesquisa. Os financiadores de pesquisas estão cada vez mais exigindo a disseminação em acesso aberto das pesquisas que financiam. Ao mesmo tempo, o aumento nos custos das assinaturas de revistas tem levado mais bibliotecas universitárias a cancelar assinaturas. Nesse contexto, diversas ferramentas foram desenvolvidas para fornecer acesso – tanto legal quanto ilegalmente – à literatura acadêmica.

Usando dados de uma dessas ferramentas (oaDOI), este artigo abordou duas questões amplas de pesquisa: (1) qual a porcentagem da literatura é OA e como ela varia de acordo com o tipo de OA; (2) e qual o impacto acadêmico médio dos artigos difundidos em acesso aberto.

28% de todos os artigos de periódicos estão disponíveis gratuitamente on-line (amostra Crossref-DOI). De forma encorajadora para os defensores da OA, essa proporção tem crescido constantemente nos últimos 20 anos, impulsionada principalmente pelo crescimento em ouro e híbrido.

Pode-se supor que os leitores em geral também apoiam artigos em acesso aberto mais recentes e, portanto, se beneficiam com o crescimento da OA Ouro, Bronze e Híbrido entre artigos recentes.

Curiosamente, a maioria dos artigos em acesso aberto é hospedada em sites de editores do tipo Bronze, sem indicação de uma licença ou sem uma licença aberta. Isso sugere que essa categoria de OA merece mais atenção da comunidade de estudiosos do acesso aberto (Open Access OA).

== Apêndice ==

Os pesquisadores identificaram vários subtipos de OA; alguns deles têm apoio quase universal, enquanto outros permanecem bastante controversos. Eis alguns desses tipos:

  • OA Libre (Suber, 2008): estende os direitos do usuário de ler e também de reutilizar a literatura para fins como rastreamento automatizado, arquivamento ou outros fins. A definição Libre OA é bastante semelhante à definição BOAI de OA.
  • OA Gratis (Suber, 2008): em contraste com o Libre, o Gratis estende apenas os direitos de leitura de artigos.
  • OA Ouro: os artigos são publicados em uma “revista OA”, uma revista na qual todos os artigos são abertos diretamente no site da revista. Na prática, os periódicos de AO são mais frequentemente definidos por sua inclusão no Diretório de periódicos de acesso aberto (DOAJ) (Archambault et al., 2014 ; Gargouri et al., 2012).
  • OA Verde ecológico: os artigos ecológicos são publicados em uma revista de acesso gratuito, mas são arquivados automaticamente em um arquivo OA. Esses “arquivos OA” são repositórios disciplinares como o ArXiv, ou “repositórios institucionais (RIs) operados por universidades, e os artigos arquivados podem ser as versões publicadas ou pré-impressões eletrônicas ( Harnad et al., 2008 ). A maioria dos artigos de OA verde não atende à definição de OA da BOAI, pois não estende os direitos de reutilização (tornando-os OA grátis).
  • OA híbrido: os artigos são publicados em um periódico de assinatura, mas são imediatamente gratuitos para leitura sob uma licença aberta, em troca de uma taxa de processamento de artigos (APC) paga pelos autores ( Walker & Soichi, 1998 ; Laakso & Björk, 2013).
  • OA atrasado (com embargo): os artigos são publicados em um periódico de assinaturas, mas são disponibilizados gratuitamente para leitura após um período de embargo ( Willinsky, 2009 ; Laakso & Björk, 2013).
  • Redes sociais acadêmicas (ASN): os artigos são compartilhados pelos autores usando redes sociais online comerciais, como ResearchGate e Academia.edu. Enquanto alguns os incluem nas definições de OA (Archambault et al., 2013 ; Björk, 2016b), outros argumentam que o conteúdo compartilhado nos ASNs não é absolutamente OA. Diferentemente dos repositórios OA Verdes, os ASNs não verificam a conformidade com os direitos autorais e, portanto, metade de seu conteúdo é ilegalmente postado e hospedado (Jamali, 2017). Isso levanta preocupações com a persistência do conteúdo, pois, como foi o caso em outubro de 2017, os editores podem emitir avisos de remoção em larga escala para a ASN ordenando a remoção de conteúdo infrator (Chawla, 2017). Outros levantaram questões sobre a sustentabilidade e a ética dos próprios serviços da ASN (Fortney & Gonder, 2015). Devido a essas preocupações e ao suporte inconsistente da literatura, o conteúdo hospedado pela ASN não foi incluído no estudo.
  • “Black OA”: artigos compartilhados em sites piratas ilegais, principalmente Sci-Hub e LibGen. Embora (Björk, 2017) rotule esses artigos como um subtipo de OA, a literatura quase não tem suporte para incluir artigos do Sci-Hub nas definições de OA. Diante disso, o conteúdo Sci-Hub e LibGen não foram incluídos na definição de OA.

== Referência ==

[1] PIWOWAR, H.; PRIEM, J.; LARIVIÈRE, V.; ALPERIN, J.P.; MATTHIAS, L.; NORLANDER, B.; FARLEY, A.; WEST, J.; HAUSTEIN, S. The state of OA: a large-scale analysis of the prevalence and impact of Open Access articles. PeerJ, Feb 13, 2018, 6:e4375. doi: http://www.doi.org/10.7717/peerj.4375. PMID: 29456894; PMCID: PMC5815332. CC BY Licence.

Palavras-chave: Acesso aberto, Ciência aberta, Cientometria, Publicação, Bibliotecas, Comunicação acadêmica, Bibliometria, Política científica

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Evolução dos registros ORCiD na USP continua positiva

O registro ORCiD (Open Researcher and Contributor ID) em português ID Aberto de Pesquisador e Contribuidor é um código alfanumérico para identificar exclusivamente cientistas e outros autores acadêmicos e contribuidores.

Benefícios para os Pesquisadores

O ORCiD é um identificador internacional gratuito e também um currículo digital para docentes, alunos e profissionais. Ele fornece uma identidade persistente para os autores e conecta com as  editoras de revistas e os artigos por meio dos identificadores de objetos digitais (DOIs).

Integrando-se a outros identificadores (ResearcherID, ScopusID, GoogleID), editores de revistas (Springer Nature, Elsevier, Wiley, etc) e organizações mundiais (Crossref, Datacite, Uberwizard), o registro ORCiD permite atualizações automáticas de informações sobre produção científica, agregando racionalidade às atividades do pesquisador e a validação de seus dados. Além disso, promove a identificação inequívoca do autor, a visibilidade de suas atividades e sua reputação internacional.

Benefícios para as Universidade de Pesquisa

A pesquisa é conduzida e comunicada em organizações como universidades e institutos de pesquisa, laboratórios governamentais e comerciais e outras instituições. Globalmente, essas instituições empregam e ensinam milhões de pessoas envolvidas em pesquisa, ensino e atividades  inovadoras. As universidades gerenciam informações de pesquisa em muitos sistemas diferentes. Isso dificulta o acompanhamento das atividades e resultados de seus pesquisadores em suas próprias instituições. E é ainda mais desafiador quando se leva em conta as diversas solicitações de subsídios, envio de manuscritos, perfil de pesquisa e outros sistemas com os quais interagem fora da sua instituição. Além disso, os pesquisadores se mudam – após a formatura, no período sabático, ao se destacarem ou assumirem novas posições [1].

Imagine um mundo em que seus pesquisadores possam passar mais tempo fazendo contribuições para a pesquisa e ficar menos frustrados ao gerenciar e compartilhar essas contribuições; e onde você pode acompanhar mais facilmente suas atividades profissionais ao longo de sua carreira.

O registro ORCiD é uma parte vital do kit de ferramentas que as universidades e seus pesquisadores podem usar para tornar essa visão uma realidade. Os ORCID iDs podem distinguir seus pesquisadores e, por meio de APIs e integrações, podem melhorar significativamente o fluxo de informações de pesquisa dentro e entre organizações em todas as etapas do ciclo de vida da pesquisa, desde o pedido de concessão de financiamento e publicação até os relatórios de gerenciamento de informações de pesquisa [1].

Além de seu uso como um identificador persistente para os pesquisadores das Universidades, o registro ORCiD pode ajudar a controlar e padronizar como o nome da instituição é usado nos sistemas de pesquisa. Em combinação com outros identificadores persistentes, o ORCiD permite que você afirme com autoridade sua equipe, corpo docente e afiliações de estudantes com sua instituição. É possível também usar APIs da ORCID para receber notificações em tempo real sobre as atividades de pesquisa, atualizar automaticamente os formulários e seguir as carreiras de dos ex-alunos [1].

A organização ORCID oferece uma gama de recursos para apoiar as instituições de pesquisa no uso de IDs, incluindo  orientação de melhores práticas e articulação clara dos benefícios potenciais em todas as etapas, além de informações técnicas .

A Universidade de São Paulo é oficialmente membro da ORCID desde o final de 2016 e a afiliação permitirá à USP gerar ORCID iDs autenticados ou autenticar os ORCID iDs existentes de todos os integrantes de sua comunidade (estudantes, docentes e servidores técnico-administrativos).

A Campanha pela adoção do registro ORCiD na USP começou em março de 2017. A evolução da adoção do identificador ORCiD pelos pesquisadores da USP apresenta desempenho positivo em âmbito geral no decorrer dos anos, como demonstra o Gráfico evolutivo abaixo.

Os Gráficos referentes aos ORCiDs de pesquisadores vinculados à USP no período de março de 2017 a 24 de janeiro de 2020 são apresentados a seguir por Unidade e por Categoria.

O objetivo é que todos os pesquisadores (docentes, pós-doutorandos, discentes de pós-graduação e graduação e funcionários) da USP se registrem na ORCID e vinculem seu registro ao seu nº USP, preenchendo suas informações e vinculando seu registro a outras entidades como a Crossref e editores científicos.

Para saber mais sobre essa iniciativa na USP, acesse: http://www.usp.br/orcid

Contate sua Biblioteca ou a Coordenadoria da Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica (AGUIA) para saber mais ou solicitar treinamentos e apresentações sobre o ORCiD na USP.

== Referência ==

ORCID for research organizations.  Disponível em: https://orcid.org/organizations/research-orgs Acesso em: 26 fev. 2020.

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Relatório revela o que os pesquisadores esperam de seus empregos

Eles são globais. Enquanto você lê isso, milhões de pesquisadores em todo o mundo estão lutando com alguns dos desafios mais urgentes que nossa espécie e habitat enfrentam. Seja evitando a aceleração da emergência climática, melhorando o acesso a água limpa e saneamento ou desenvolvendo melhorias nos cuidados de saúde.

No entanto, nos bastidores – menos celebrados, mas igualmente vitais – são as organizações e instituições que capacitam cientistas e pesquisadores para fazer o melhor em seu trabalho.

É dessa forma que se inicia o Relatório intitulado The State of Scientific Recruitment – Estado da Arte do Recrutamento Científico – elaborado pela equipe do ResearchGate, a rede de pesquisadores mais popular na atualidade. Esta é uma tradução livre desse Relatório.

Com mais de 10.000 respostas qualificadas de acadêmicos em todos os níveis de carreira e de todo o mundo, este primeiro Relatório contém dados relevantes sobre salário, quão amplamente faz sentido anunciar vagas científicas e de pesquisa e quais os fatores que mais influenciam candidatos em potencial a se candidatarem a uma função específica. 

Espera-se que os resultados informem as instituições acadêmicas sobre recrutamento e estratégias de retenção para 2020 e além.

Com mais de 15 milhões de membros, o ResearchGate é uma rede profissional mundial de cientistas e pesquisadores, combinada com uma das maiores coleções de conteúdo de pesquisa científica do mundo. Inclui entre seus membros 68 vencedores do Prêmio Nobel e são de 193 países – 89% dos quais possuem pós-graduação avançada. Com 150 milhões de visitas mensais, a rede conecta pessoas, equipes, instituições, pesquisas e recursos. 

== Metodologia ==

O ResearchGate reuniu 10.000 respostas de pesquisadores acadêmicos por meio de um menu suspenso na página inicial da rede que dizia: “Diga-nos o que você pensa sobre o mercado de trabalho acadêmico. ”

As respostas foram coletadas no período de duas semanas em setembro de 2019 usando uma ferramenta de pesquisa digital. Este relatório representa um resumo dos principais dados coletados. 

== Resultados ==

Qual categoria melhor descreve seu campo de pesquisa? (%)

Qual região melhor descreve onde você está (ou seja, seu país de origem)? (%)

Ao considerar os dados do nível de carreira, é importante observar o número significativo de jovens pesquisadores doutorandos e pós-doutorandos que usam a plataforma digital para compartilhar resultados de pesquisa, encontrar colaboradores e identificar oportunidades de financiamento. 

Qual o papel que melhor descreve seu status atual? (%)

Qual gênero melhor descreve você? (%)

Mais da metade dos entrevistados é casada (45%) ou vive em parceria de longo prazo (14%), e quase um terço (31%) tem pelo menos um filho vivendo com eles. Dados esses números, não surpreende que a pesquisa também mostre que trabalhar para um “empregador familiar” é considerado por mais de um em cada dez entrevistados sejam o fator mais importante ao decidir onde se candidatar a uma nova posição acadêmica.

Mais do que nunca, a pesquisa científica é uma indústria global: 70% dos entrevistados disseram que estariam abertos à realocação internacional para assumir uma posição acadêmica.

Você está aberto a se mudar para assumir o cargo acadêmico certo? (%)

Esta é a descoberta mais importante sobre Recrutamento Científico, pois sugere a necessidade de uma mudança gradual nas universidades em relação a como estão lidando com a busca e contratação de pesquisadores. Colocar menos ênfase na contratação interna e na propaganda boca-a-boca, ao mesmo tempo em que utiliza mais os canais digitais pode ajudar a garantir que as vagas sejam vistas da maneira mais ampla possível, independente da distribuição geográfica dos candidatos. 

Embora a contratação interna e o recrutamento boca a boca tenham seu lugar, é claro que um excesso de confiança nesses métodos fecha as vagas para uma enorme quantidade de talentos prontos e dispostos de outras partes do mundo. Igualmente, ameaça limitar a diversidade, pois dados externos mostram que os funcionários existentes têm a tendência de recomendar candidatos do mesmo sexo e origem étnica. 

Os candidatos estão mais interessados em se mudar para a América do Norte (65%), Alemanha / Áustria / Suíça (64%) e Reino Unido / Irlanda (55%) são vistos como os destinos mais atraentes.

No entanto, as instituições localizadas fora dessas três regiões não têm motivos para se desesperar quando se trata de recrutamento internacional. Os resultados mostram que há uma proporção significativa de pesquisadores dispostos a se mudar desde que seja a oportunidade certa.

Quais são as regiões nas quais você tem mais interesse em mudar-se para assumir uma pesquisa acadêmica ou trabalho docente? (Por favor selecione todas as regiões que são interessantes para você.) (%)

O fator mais importante apontado ao decidir onde se candidatar é “a oportunidade de trabalhar em uma área de interesse em particular”. Nesse sentido, na redação das descrições de cargo, o recrutador deve ressaltar os pontos de interesse de um candidato em potencial. Os próximos fatores mais importantes no trabalho que devem ser mencionados em descrições de cargos são a “oportunidade de desenvolver e contribuir para novos métodos e técnicas ”, a“ probabilidade de a pesquisa ter um impacto na mundo real “e” oportunidades de ensino na instituição “.

Qual fator no trabalho é mais importante ao decidir onde se candidatar a uma nova posição acadêmica? (%)

Em termos dos fatores mais importantes de emprego, salário (21%) e localização (18%) tiveram uma pontuação alta. 

Qual fator de emprego é mais importante ao decidir onde se candidatar a uma nova posição acadêmica? (%)

Independente do salário, comunicar um pacote atraente de benefícios no emprego e ser visto como um local de trabalho familiar são dois fatores que podem atrair os talentos certos para as instituições.

Qual a importância do salário para você ao considerar sua próxima oportunidade de emprego? (%)

Outro aspecto importante para as instituições é conhecer o nível salarial oferecido aos pesquisadores, de modo a permanecer competitivas com seus pares.

Qual é seu salário atual? (%)

Com relação aos salários atuais declarados pelos entrevistados, existem algumas advertências importantes a serem lembradas: Primeiro, os resultados excluem pesquisadores que estão desempregados ou não estão sendo remunerados. Segundo, mais da metade dos entrevistados optou por não responder a essa pergunta, talvez por não querer divulgar essa informação. Os dados apresentados, portanto, não devem ser usados para calcular um salário médio para aqueles trabalham em pesquisa.

== Cinco dicas para contratar pesquisadores ==

Esta é a primeira pesquisa anual da ResearchGate com pesquisadores acadêmicos e cientistas e busca estabelecer uma referência para entender as mudanças no mercado de trabalho acadêmico ao longo do tempo. Embora o potencial para uma análise mais profunda cresça ano a ano, aqui estão cinco estratégias de atração, recrutamento e contratação de talentos:

  • Filtre os candidatos por habilidades e experiência, não por geografia – pesquisadores estão muito abertos à realocação internacional para o cargo certo.
  • Invista na marca da instituição, para que seja opção de escolha 
  • Garanta a descrição da vaga para que destaque pontos relevantes para os pesquisadores em potencial
  • Inclua faixas salariais na descrição inicial do cargo para incentivar candidatos sérios
  • Utilize a amplitude e profundidade das informações que o ResearchGate possui sobre seus membros para preencher proativamente funções altamente especializadas ou vagas para seniores

== Referência ==

RESEARCHGATE. The state of art of scientific recruitment. Nov. 2019. Disponível em: https://www.researchgate.net/scientific-recruitment/report Acesso em: 27 jan. 2020.

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Acesso Aberto e as Licenças Creative Commons

As Licenças Creative Commons foram criadas para dar maior flexibilidade na utilização de obras protegidas por direitos autorais, de modo que os conteúdos sejam utilizados amplamente, sem que as  leis de proteção à propriedade intelectual sejam infringidas. As licenças indicam os tipos de permissões e acessos diferenciados. Basta indicar a opção da licença Creative Commons no processo de publicação na Internet para estabelecer as permissões de uso. Para escolher uma licença Creative Commons, o licenciador deve responder basicamente a duas perguntas simples: (a) Quero permitir uso comercial ou não? (b) Quero permitir obras derivadas ou não?

== Tipos de Licenças Creative Commons ==

CC O public Domain CC0 – Domínio Público
Esta licença CC0 permite aos cientistas, educadores, artistas e outros criadores de conteúdos a renunciar a qualquer direito reservado e, assim, colocá-los tão completamente quanto possível no domínio público, para que outros possam construir livremente em cima, melhorar e reutilizar as obras para quaisquer fins, sem restrições sob a legislação autoral ou banco de dados. Ver o Resumo da Licença.

 Atribuição CC BY
Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original. É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis. É recomendada para maximizar a disseminação e uso dos materiais licenciados. Particularmente com relação à licença CC-BY, é preciso destacar que, por ser o tipo de licença mais aberta tanto com relação às permissões e acessos, também é a licença que permite o uso dos conteúdos para fins comerciais. Isso significa que terceiros podem obter lucros com o trabalho alheio a qualquer momento, sem que o criador tenha qualquer controle. Ver o Resumo da Licença | Ver o Texto Legal

 Atribuição-CompartilhaIgual CC BY-SA
Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito e que licenciem as novas criações sob termos idênticos. Esta licença costuma ser comparada com as licenças de software livre e de código aberto “copyleft”. Todos os trabalhos novos baseados no seu terão a mesma licença. Portanto, quaisquer trabalhos derivados também permitirão o uso comercial. Esta é a licença usada pela Wikipédia e é recomendada para materiais que seriam beneficiados com a incorporação de conteúdos da Wikipédia e de outros projetos com licenciamento semelhante. Ver o Resumo da Licença

Atribuição-SemDerivações CC BY-ND
Esta licença permite a redistribuição, comercial e não comercial, desde que o trabalho seja distribuído inalterado e no seu todo, com crédito atribuído ao autor. Ver o Resumo da Licença

Atribuição-NãoComercial CC BY-NC
Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais e, embora os novos trabalhos tenham de lhe atribuir o devido crédito e não possam ser usados para fins comerciais, os usuários não têm de licenciar esses trabalhos derivados sob os mesmos termos. Ver o Resumo da Licença 

AtribuiçãoNãoComercial-CompartilhaIgual-CC BY-NC-SA
Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais, desde que atribuam a você o devido crédito e que licenciem as novas criações sob termos idênticos. Ver o Resumo da Licença 

Atribuição-SemDerivações-SemDerivados- CC BY-NC-ND
Esta é a mais restritiva das nossas seis licenças principais, só permitindo que outros façam download dos seus trabalhos e os compartilhem desde que atribuam crédito a você, mas sem que possam alterá-los de nenhuma forma ou utilizá-los para fins comerciais. Ver o Resumo da Licença

Escolha a melhor Licença Creative Commons para seu trabalho

Antes de escolher o tipo de licença a ser atribuído, considere:
a) Conheça os tipos de licenças;
b) Pense sobre como quer que o material seja utilizado;
c) Especifique claramente o que quer licenciar;
d) Licenças CC não podem ser atribuídas a materiais em domínio público;
e) Tenha em mente os direitos de uso do material;
f) Uma vez atribuída, a licença não poderá ser modificada.

[1] CREATIVE COMMONS. Sobre as Licenças. Disponível em: <https://br.creativecommons.org/licencas/> Acesso em 5 de maio de 2019.

[2] CREATIVE COMMONS. Escolha sua licença Creative Commons. Disponível em: <http://creativecommons.org/choose/> Acesso em: 5 de maio de 2019.  

 

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Declaração do 9º Fórum Mundial da Ciência: ética e responsabilidade científica

Declaração do 9º Fórum Mundial da Ciência 2019: Ética e Responsabilidade Científica* 

Budapeste, 23 de novembro de 2019 

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Preâmbulo

Com o incentivo e o apoio das organizações parceiras do Fórum Mundial da Ciência, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Conselho Internacional da Ciência (ISC), a Academia Húngara de Ciências, a Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), Academia Mundial de Ciências (TWAS), Parceria InterAcademy (IAP) e Conselho Consultivo de Ciências das Academias Europeias (EASAC), nós participantes do 9º Fórum Mundial de Ciências, realizado de 20 a 23 de novembro de 2019 em Budapeste, adotamos a presente Declaração.

O Fórum Mundial de Ciência (FSM), resultado da Conferência Mundial de Ciência (World Conference on Science – WCS) de 1999, é um evento bienal que desde 2003 reúne com sucesso cientistas, formuladores de políticas, líderes da indústria, sociedade civil e mídia para discutir o papel da ciência no enfrentamento dos desafios globais. .

De acordo com as recomendações da Conferência Mundial de Ciência de 1999 (WCS) sobre ciência e uso do conhecimento científico e, levando em conta a Declaração de Budapeste de 2011 sobre a nova era da ciência global, a Declaração do Rio de Janeiro de 2013 sobre Ciência para o Desenvolvimento Sustentável Global, a Declaração de Budapeste de 2015 sobre o Poder Capacitador da Ciência e a Declaração da Jordania de 2017 para a Ciência pela Paz, reafirmamos nosso compromisso com a conduta ética e rigorosa da pesquisa científica e o uso responsável do conhecimento científico.

Ciência, Ética e Responsabilidade – 20 anos após a Conferência Mundial de Ciência de 1999

A Declaração sobre Ciência e o Uso do Conhecimento Científico (Declaration on Science and the Use of Scientific Knowledge) endossada por representantes de 155 governos em Budapeste na Conferência Mundial de Ciência da UNESCO de 1999 foi um documento pioneiro que esboçava uma visão clara para a ciência e a sociedade no século XXI. Definiu um papel e uma responsabilidade ampliados pela ciência em uma nova era da história da humanidade, na qual ciência e tecnologia são os principais impulsionadores da mudança social.

De fato, nos últimos 20 anos, vimos uma revolução em vários campos da pesquisa científica, juntamente com mudanças profundas e contínuas em nossas sociedades. Novas descobertas científicas em áreas como tecnologias da informação e comunicação, biologia sintética e edição de genes, inteligência artificial, big data e aprendizado de máquina aumentaram ainda mais o ritmo em que a ciência e a tecnologia afetam nosso ambiente e sociedade, com o potencial de entrincheirar em vez de reduzir desigualdades.

Desafios ambientais e sociais, incluindo demografia, mudança climática, poluição e segurança da água, levantaram novas expectativas para a ciência.

Globalmente, o investimento em pesquisa e desenvolvimento aumentou bastante e novos atores estatais e não estatais reformularam a ordem global estabelecida e impactaram a produção de conhecimento científico e a distribuição de investimentos e financiamento em ciências.

Em nossas sociedades transformadas pelo surgimento de novos canais de comunicação e mídias sociais, o conhecimento científico é cada vez mais desafiado no discurso público por opiniões e crenças baseadas em desconfiança, engajamento insuficiente, baixa alfabetização científica e comunicação ineficiente da ciência ao público e aos formuladores de políticas. Em um momento de aceleração da mudança global, é particularmente importante que os jovens de todas as sociedades tenham acesso à educação científica.

Recordamos a Declaração de Ciência de 1999 e o uso do Conhecimento Científico e reconhecemos a crescente importância da mensagem “Ciência para o Século XXI: Um Novo Compromisso”, como apresentado em suas recomendações.

Devemos garantir que a responsabilidade compartilhada por considerações éticas seja reconhecida como intrínseca à definição dos objetivos da investigação científica, à alocação de recursos e à condução, disseminação e aplicação de pesquisas. Isto deve aplicar-se em particular à educação e inclusão jovens e emergentes cientistas inovadores.

Promovemos uma cultura proativa de auto-regulação pelos cientistas.

Abraçamos o Princípio da Liberdade e Responsabilidade na Ciência (Principle of Freedom and Responsibility in Science) adotado pelas organizações membros do ISC, a Recomendação sobre Ciência e Pesquisadores Científicos (Recommendation on Science and Scientific Researchers) adotada pela UNESCO e a Declaração da AAAS sobre Liberdade e Responsabilidade Científica (Statement on Scientific Freedom and Responsibility) como documentos de referência para uma análise mais aprofundada.

Celebramos 20 anos de diálogo científico internacional desde a Conferência Mundial de Ciência de 1999 e 100 anos desde a criação do Conselho Internacional de Pesquisa, a primeira organização não governamental a promover a colaboração científica em escala global. Afirmamos nosso compromisso com a responsabilidade científica pelo bem público global por meio da consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. 

1. Ciência para o bem-estar global

O valor da ciência não pode ser medido apenas por sua contribuição para a prosperidade econômica. A ciência é um bem público global com a capacidade de contribuir para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar global.

Reconhecemos as responsabilidades dos cientistas de conduzir e aplicar a ciência com integridade, no interesse da humanidade, pelo bem-estar e com respeito aos direitos humanos.

Apelamos à reavaliação das políticas de ciência e financiamento, reconhecendo o valor da ciência como uma ferramenta para ultrapassar as fronteiras do conhecimento humano, promover o bem-estar universal, monitorar, analisar e responder aos desafios ambientais, sociais e econômicos e abordar as necessidades de capacidade dos países com atrasos científicos.

Adotamos a liberdade dos cientistas de planejar e conduzir pesquisas que podem não ser especificamente responsivas a quaisquer expectativas socioeconômicas ou ambientais imediatas. A boa ciência deve estar livre para voar quando a curiosidade é o fator determinante.

2. Fortalecimento dos padrões globais de integridade de pesquisa

No mundo da ciência globalizada, há uma necessidade crescente de harmonização e promoção da integridade da pesquisa, que inclui códigos de conduta comuns e sua aplicação. Isso deve se aplicar especialmente às áreas de ciência e pesquisa em rápido desenvolvimento realizadas por entidades transnacionais.

Apelamos à harmonização e aplicação dos padrões de conduta da pesquisa científica além-fronteiras e através da pesquisa pública e privada.

Reconhecemos que pesquisas dignas exigem mais do que mérito e impacto intelectuais; devem ser éticas, inclusivas e socialmente responsáveis.

Pedimos o estabelecimento de processos de autorregulação pelos quais os cientistas possam denunciar suspeitas de má conduta em pesquisa e outras práticas de pesquisa irresponsáveis, sem medo de represálias, e o estabelecimento de procedimentos para responder a essas alegações.

Apoiamos os esforços regionais e nacionais para promover os padrões globais de integridade da pesquisa e, em particular, comemoramos o surgimento do Fórum Mundial de Ciência 2017 da Carta de Ética da Ciência e Tecnologia na Região Árabe.

3. Cumprimento da liberdade acadêmica e do direito humano à ciência

Embora se reconheça que o princípio da liberdade acadêmica seja apoiado e promovido por organizações científicas em todo o mundo, há pouco consenso sobre as condições que possibilitam seu cumprimento. Em uma era em evolução em que a ciência depende cada vez mais da infraestrutura de pesquisa, do financiamento da pesquisa e das agendas políticas de cima para baixo, o conceito de liberdade acadêmica deve ser revisto.

A liberdade acadêmica deve operar em todos os pontos do processo de pesquisa. Ela deve abranger a autonomia de pesquisadores e instituições de pesquisa, acesso a dados e conhecimentos científicos revisados por pares sem barreiras sistêmicas, acesso a infraestrutura e financiamento de pesquisa e a liberdade de estabelecer agendas de pesquisa de baixo para cima em todos os campos da ciência, incluindo as ciências sociais e a liberdade de comunicar resultados científicos.

Reconhecemos que a liberdade científica só pode ser respeitada pela sociedade se for baseada em rígidos princípios éticos.

Apelamos à comunidade científica internacional para desenvolver novos padrões para o cumprimento da liberdade acadêmica e criar ferramentas para descrever, monitorar e medir suas condições integrais.

Reconhecemos a natureza vital das ciências básicas orientadas pela curiosidade. Saudamos a designação da UNESCO de 2022 como o Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento.

Reafirmamos nosso apoio aos direitos dos refugiados e de outros cientistas deslocados.

Reforçamos nosso compromisso de promover o direito à ciência para todos – incluindo aqueles sub-representados e mal atendidos pela ciência, como mulheres e minorias – como precursor essencial de sociedades sustentáveis e prósperas e de paz duradoura.

4. A responsabilidade e ética da comunicação da ciência

O ritmo das descobertas científicas acelerou, mas as barreiras à informação científica e aos benefícios da pesquisa permanecem. O aumento da complexidade e do volume de informações científicas requer novos métodos de validação de dados e divulgação de pesquisas. Embora a aplicação da inteligência artificial abra novos caminhos para o gerenciamento de pesquisas e dados científicos, também levanta preocupações sobre privacidade, controle e uso de dados pessoais. Tais desenvolvimentos alteram o cenário do acesso ao conhecimento e apresentam desafios na transição para novos modelos de publicação e na aplicação de novas estratégias de comunicação.

Reforçamos nosso compromisso com a ciência como um bem público global e apoiamos a ciência aberta e novos modelos de publicação que concedem acesso a publicações científicas.

Reconhecemos a importância de os cientistas se envolverem com o público sobre ciência, incluindo os riscos associados à sua conduta ou aplicação e o reconhecimento de outras interpretações da pesquisa.

Incentivamos os cientistas a promover a ciência cidadã e a promover a co-criação de conhecimento acionável.

Reconhecemos os imperativos para a tomada de decisão com base em evidências e uma interface mais forte entre ciência e política e, portanto, a necessidade de que os cientistas sejam treinados para comunicar seu trabalho aos tomadores de decisão e ao público em geral.

Reconhecemos o poderoso papel da mídia na comunicação de informações científicas e exigimos rigorosa verificação e análise de fatos nos relatórios. Pedimos uma reavaliação do relacionamento da ciência com a mídia, particularmente em vista de notícias e informações conflitantes ou enganosas, e o uso de equivalências falsas.

Encorajamos os cientistas a produzir, aplicar e comunicar a ciência e a conscientizar sobre os benefícios e as considerações éticas.

== Referência ==

DECLARATION OF THE 9th WORLD SCIENCE FORUM: Science Ethics and Responsibility. Text adopted on 23 November 2019, Budapest. Disponível em: https://worldscienceforum.org/contents/declaration-of-world-science-forum-2019-110073 Acesso em: 30 nov. 2019 (*tradução livre)

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Repositório Institucional da USP

A Biblioteca Digital da Produção Intelectual da Universidade de São Paulo (BDPI), inaugurada em 22 de outubro de 2012, é o Repositório institucional e oficial da produção intelectual (científica, artística, acadêmica e técnica) da USP, em consonância com a Política de Informação da Universidade definida na Resolução nº 6.444, de outubro de 2012. É um sistema de gestão e disseminação cujo objetivos são:

  • Aumentar a visibilidade, acessibilidade e difusão dos resultados da atividade acadêmica e de pesquisa da USP por meio da coleta, organização e preservação em longo prazo.
  • Facilitar a gestão e o acesso à informação sobre a produção intelectual da USP, por meio da oferta de indicadores confiáveis e validados.
  • Integrar-se a um conjunto de iniciativas nacionais e internacionais, por meio de padrões e protocolos de integração qualificados e normalizados.

Conforme previsto na Política de Informação mencionada, para a formação e desenvolvimento da memória da produção intelectual da USP, os docentes, servidores técnicos e administrativos, alunos e pós-doutorandos deverão depositar, na BDPI, o conteúdo integral de produtos de sua autoria, à medida em que forem publicados ou editados. Para tanto, há algumas diretrizes:

  • A inserção de conteúdos na BDPI é realizada pela equipe da Biblioteca da Unidade à qual o autor está ligado ou por importação de dados via máquina executada pela gerência da BDPI.
  • O depósito da produção intelectual poderá ser realizado de forma não exclusiva, mantendo os autores dos documentos todos os seus direitos, e respeitando a propriedade intelectual.
  • Artigos, trabalhos de evento, livros, capítulos de livro são alguns exemplos de documentos de produção intelectual que podem ser cadastrados e disponibilizados na Biblioteca da Produção Intelectual da Universidade de São Paulo.
  • O acesso aos documentos poderá ser aberto, embargado (por tempo limitado pelo contrato assinado pelo autor com a casa editorial), restrito para uso apenas pelos computadores da USP ou restrito completamente (nesse caso, o arquivo digital depositado servirá apenas para gestão e governança da produção).
  • Quando uma produção intelectual não estiver disponível em formato digital, os metadados deverão ser registrados na BDPI e um exemplar da produção deverá ser depositado na biblioteca de sua unidade funcional.

A Política de Informação USP se encontra devidamente cadastrada no Diretório Internacional de Políticas de Informação – ROARMAP, e a própria BDPI se encontra indexada no Diretório Internacional de Repositórios Institucionais Abertos, desde 2012. Seguindo outras iniciativas da USP, a BDPI busca incentivar, valorizar, estimular e promover a visibilidade e o acesso à produção intelectual da Universidade.

Nesse sentido, além do acesso à íntegra de documentos que estão disponíveis para acesso aberto na internet, a BDPI indica o caminho para o material mais antigo, que ainda não foi digitalizado. Os registros remontam ao ano em que se tornou obrigatório aos pesquisadores da USP o depósito de sua produção nas bibliotecas da Universidade. Todos os registros apresentam link para o texto completo, desde que o mesmo esteja disponível e acessível na Universidade.

Aspectos Técnicos

O Repositório da Produção Intelectual da USP se encontra alinhada às atuais normas e diretrizes nacionais e internacionais de repositórios visando garantir sua interoperabilidade com diversos sistemas, o compartilhamento e reaproveitamento de atividades e conteúdos entre eles.

A Repositório da Produção Intelectual da USP foi desenvolvida dentro da Universidade, pela equipe da atual Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica (antigo Sistema Integrado de Bibliotecas da USP), e customizada de acordo com as características da USP, com forte inspiração na Vufind, ferramenta aberta de busca para bibliotecas. Feita a partir de um software livre, a BDPI é totalmente compatível com o Google: para os nomes dos campos, foi utilizado um formato de metadados estruturados que este buscador utiliza, facilitando a indexação e recuperação por quem procura o conteúdo no Google.

A plataforma reúne informações a partir dos registros cadastrados no Dedalus (Banco de Dados Bibliográficos da USP) e na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, e enriquece esses registros coletando informações de outras fontes, desde o Currículo Lattes até bases internacionais como Web of Science, Scopus e Dimensions.

Sua arquitetura possibilita a entrada dos dados tanto manual como automaticamente, por meio de aplicativos especialmente desenvolvidos pela equipe interna da Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica (AGUIA), que gerencia os fluxos de informação em conjunto com as Bibliotecas da USP, desde o depósito do documento, a revisão dos metadados, a limpeza dos dados, finalizando com a publicação e mapeamento entre distintas coleções e comunidades.

Foi projetada para facilitar e promover a complementação de informações da produção USP com uso de outros recursos e conexões, como por exemplo, links diretamente a conteúdos relacionados aos trabalhos publicados pela USP quando oriundos de projetos de pesquisa financiados e devidamente indexados na Biblioteca Virtual FAPESP, indicadores de Fator de Impacto advindos da ferramenta SFX utilizada no Portal de Busca Integrada, dentre outras.

A partir de outubro de 2013, com o lançamento do Repositório da Produção Científica do Cruesp, a BDPI passa agora a trabalhar coordenada e cooperativamente com a Biblioteca Digital da Produção Intelectual e Científica da Unicamp e com o Repositório Institucional da Unesp. A integração entre todos eles é feita por meio do sistema de descoberta e entrega da ExLibris, Primo.

Desse modo, atualmente, está integrada com todas as demais bibliotecas digitais da USP, é alimentada diretamente pelo Portal de Revistas USP, recolhe dados do Portal Eaulas USP, se comunica com o Banco Catalográfico Dedalus e está indexada no Portal de Busca Integrada da USP compartilhando uma única interface de busca. Já está disponível a coleta internacional pelo protocolo OAI/PMH o que significa que paulatinamente está sendo indexada por metabuscadores, como por exemplo, o Google Acadêmico. Em pouco tempo, deverá estar alimentando diretamente o Anuário Estatístico da USP com os dados ali produzidos.

Contato: atendimento@aguia.usp.br

Produção Intelectual

Segundo conceito adotado na Universidade de São Paulo, o termo produção intelectual engloba tanto as produções científicas, acadêmicas, artísticas como as técnicas. Como exemplos de trabalhos produzidos nessas categorias tem-se:

  • Produção científica  texto científico que apresenta coerência, consistência, originalidade e objetividade. Podem ser artigos de revistas, trabalhos em congressos, livros, capítulos de livros e outros.
  • Produção acadêmica – produções derivadas de atividades de ensino produzidas tanto pelo corpo docente como discente; por exemplo, teses, dissertações, material de ensino e os diversos objetos educacionais de aprendizagem.
  • Produção artística – produção resultante de artes cênicas, música, artes visuais: obras artísticas, vídeos, roteiros, catálogos, curadoria, dentre outras.
  • Produção técnica – resultante das atividades técnicas desenvolvidas tanto no ensino como na pesquisa e extensão. São exemplos: softwares, produtos, processos técnicos, patentes, marcas, maquetes, projetos e relatórios de pesquisa.

Reúne versões pós-print e do editor de artigos originais, artigos de revisão, artigos de atualização, traduções, relatos de experiências, resenhas, ensaios, editoriais, cartas ao editor, debates, notas científicas e técnicas, depoimentos, entrevistas e pontos de vista.

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Publicado em OA na USP, Política informacional, Quem Somos

Iniciativas de Acesso Aberto na USP

Diversos projetos de pesquisa alinhados ao Movimento de Acesso Aberto institucionais estão sendo atualmente desenvolvidos na Universidade de São Paulo, dentre os quais se destacam:

  • Repositório da Produção da USP – A Biblioteca Digital da Produção Intelectual da Universidade de São Paulo (BDPI), inaugurada em 22 de outubro de 2012, é o Repositório institucional e oficial da produção intelectual (científica, artística, acadêmica e técnica) da USP, em consonância com a Política de Informação da Universidade definida na Resolução nº 6.444, de outubro de 2012. É um sistema de gestão e disseminação cujo objetivos são:
    • Aumentar a visibilidade, acessibilidade e difusão dos resultados da atividade acadêmica e de pesquisa da USP por meio da coleta, organização e preservação em longo prazo.
    • Facilitar a gestão e o acesso à informação sobre a produção intelectual da USP, por meio da oferta de indicadores confiáveis e validados.
    • Integrar-se a um conjunto de iniciativas nacionais e internacionais, por meio de padrões e protocolos de integração qualificados e normalizados.
  • Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP – desde o início contou com equipe multidisciplinar para desenvolvimento e implantação em parceria com o projeto  Networked Digital Library of Theses and Dissertations (NDLTD), a partir da customização do software de domínio público desenvolvido pela Virginia Tech (Virginia Polytechnic Institute and State University) para o gerenciamento e armazenamento de Teses e Dissertações Eletrônicas (TDE). O pacote foi adaptado ao contexto da USP, integrando-se com o sistema administrativo da Pós-Graduação e com o sistema DEDALUS (Banco de Dados Bibliográficos da USP, mantido Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica – AGUIA).
  • Portal de Revistas da USP – trata-se de uma biblioteca eletrônica que publica revistas produzidas pela Universidade de São Paulo credenciadas pelo Programa de Apoio às Publicações Científicas Periódicas da USP. O programa, iniciado em 1986, é gerenciado pela Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica – AGUIA.
  • Portal de Livros Abertos da USP – promove a reunião e divulgação dos livros digitais acadêmicos e científicos publicados em acesso aberto por docentes e/ou funcionários técnico-administrativos da Universidade de São Paulo.
  • Biblioteca Digital de Trabalhos Acadêmicos da USP – proporciona à sociedade em geral o acesso ao texto completo dos Trabalhos de Conclusão de Curso da Universidade. Inclui em seu acervo: Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização (MBA), Trabalho de Conclusão de Residência (TCR) da Universidade de São Paulo. A BDTA atende à Resolução CoCEx-CoG Nº 7497, de 09 de abril de 2018, que “Regulamenta a disponibilização de trabalhos de conclusão de curso ou outros trabalhos acadêmicos equivalentes na Biblioteca Digital de Trabalhos Acadêmicos da Universidade de São Paulo”.
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